O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nessa quinta-feira (29), em Buenos Aires, que a assinatura de um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul depende do apoio do governo brasileiro ao Acordo de Paris, um compromisso internacional que tem o objetivo de minimizar os impactos do aquecimento global. As declarações foram feitas durante uma entrevista coletiva na capital argentina, onde começa hoje o encontro dos líderes do G-20, grupo que reúne as maiores economias do mundo.
"Do lado francês, eu digo claramente que não sou favorável à assinatura de um acordo comercial amplo com potências que não respeitam o Acordo de Paris e que anunciam que não vão respeitar o Acordo de Paris", disse Macron. Nesta semana, o Brasil decidiu retirar sua candidatura para sediar a reunião sobre mudanças climáticas da ONU, em 2019. Bolsonaro admitiu, na quarta-feira, 28, ter participado dessa decisão e explicou que não faria sentido sediar o evento, uma vez que o País pode deixar o acordo do clima.
As negociações para assinatura de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia se estendem por quase 20 anos e estão na reta final. A França sempre foi resistente a um acordo que prejudicasse seus produtores de carne e açúcar, mas recentemente deu sinais de que poderia chegar a um entendimento. Nesta quinta, no entanto, Macron deixou claro que as conversas podem travar novamente. "Há uma mudança política maior no Mercosul que acaba de ocorrer no Brasil. Portanto, é do lado do Mercosul que a questão está colocada para saber qual é a natureza do impacto que essa mudança vai ter", afirmou Mácron.
Segundo ele, houve um encontro no início do ano em Paris com o presidente da Argentina Mauricio Macri e certos compromissos foram adotados por ambos os lados para garantir que houvesse um avanço nas negociações entre Mercosul e UE. Um desses compromissos foi de que todos, em um eventual acordo comercial, respeitassem os princípios do Acordo de Paris. "Eu exijo esforços de meus trabalhadores, meus industriais, para se adaptarem ao Acordo de Paris. É um sacrifício", disse Macron. "E do outro lado, assinaríamos acordos comerciais com países que dizem abertamente que não há problemas de aquecimento climático, que não fazem esses esforços."
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Bolsonaro
Nesta semana, Bolsonaro o agronegócio brasileiro está sufocado "por questões ambientais que não colaboram em nada para o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente."
Diplomatas brasileiros disseram ao jornal O Estado de S. Paulo que, em governos anteriores, o acordo climático nunca foi um obstáculo. Eles alertam, porém, que a postura da França pode ser "oportunista". Paris jamais cedeu em abrir seu mercado para as exportações agrícolas do Mercosul. Agora, segundo alguns diplomatas, encontrou um argumento para impedir o acordo.
Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 29 de novembro de 2018
Após as declarações de Macron, Bolsonaro se manifestou nesta quinta à noite pelo Twitter. "É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros". Procurado, o Itamaraty disse que não iria se pronunciar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.