ELEIÇÕES 2018

Desafios de Pernambuco: EMPREGO

Pernambuco está entre os Estados com maiores taxas de desemprego do Brasil

Adriana Guarda
Cadastrado por
Adriana Guarda
Publicado em 07/10/2018 às 8:00
Foto: Leo Motta/JC Imagem
Pernambuco está entre os Estados com maiores taxas de desemprego do Brasil - FOTO: Foto: Leo Motta/JC Imagem
Leitura:

Pernambuco se transformou numa espécie de oásis do emprego no Brasil entre 2007 e 2013. Naquela época, era comum encontrar histórias de profissionais de todos os cantos do País, que fizeram as malas e desembarcaram por aqui. Muitos sequer tinham proposta de trabalho acertada, mas migravam na esperança de conseguir alguma colocação.

O Estado se destacava como o maior polo nacional de atração de investimentos, recebendo um conjunto de projetos de R$ 100 bilhões, que incluiu refinaria, indústria petroquímica e estaleiros. O cenário de “apagão de mão de obra” e quase “pleno emprego” era apontado pelos governos como um “problema bom”. Só a Petrobras chegou a ter 42 mil pessoas trabalhando no canteiro de obras da Refinaria Abreu e Lima, em Suape.

Nesse intervalo de seis anos, o saldo de empregos com carteira assinada foi de 500 mil vagas. Mas a partir de 2014 veio a crise econômica, a desmobilização da refinaria e a retração de investimentos da Petrobras, colocando Pernambuco no ranking dos Estados com maiores taxas de desemprego do Brasil.

Com taxa de desocupação de 16,9% e 710 mil desempregados, Pernambuco vive uma retomada mais lenta no mercado de trabalho. O crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado e a expectativa de repetição da taxa para este ano ainda não foram suficientes para reverter o fechamento de vagas. Se o Brasil inicia ainda que uma tímida retomada, com a criação de 568,5 mil empregos formais nos oito primeiros meses do ano, em âmbito local o saldo permanece negativo (-9.983).

“Antes da crise, Pernambuco registrava crescimento do PIB e avanço do emprego acima da média nacional. Por isso, quando veio a recessão, o impacto foi maior. O Estado também sofreu mais porque o peso do setor público na economia é importante.

Além disso, as obras de infraestrutura estão praticamente paralisadas e os dois principais setores que puxaram o crescimento do mercado de trabalho (construção civil e comércio) nos últimos anos não estão se recuperando”, explica a economista pernambucana Juliana Bacelar de Araújo, professora do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

INFORMALIDADE

A redução do emprego fez disparar a informalidade, com o número em Pernambuco subindo de 882 mil (no 2º trimestre de 2012) para 950 mil em igual período deste ano. “Pesquisas mostram que as pessoas preferem trabalhar com carteira assinada, porque a informalidade acaba precarizando o trabalho e representando uma diminuição de renda. Historicamente, na formação do mercado de trabalho nordestino, a informalidade sempre foi uma alternativa importante em momentos de crise, mas ela precisa ser conjuntural. Não deve ser reforçada nem incentivada”, defende Juliana.

Além da informalidade, a brusca mudança de cenário no mercado de trabalho também significou queda na renda e perda de ganhos conquistados, como a qualificação de mão de obra. Em Pernambuco, a renda saiu de um patamar de quase R$ 2 mil (em 2014) para atuais R$ 1.634.

Na avaliação do pesquisador sênior de Economia Aplicada da FGV/IBRE Fernando de Holanda Barbosa Filho a retomada do emprego só vai acontecer a partir de um crescimento econômico mais sustentado.

“O aumento do desemprego aconteceu muito rápido, enquanto a crise se mostrou longa, duradoura e profunda. As pessoas ficam achando que tem solução fácil, mas infelizmente não tem. Uma retomada robusta da economia só vai acontecer quando o governo voltar a ter política monetária, a confiança do investidor retornar e o País sair do cenário de incerteza. Não há mágica, a geração de emprego depende de uma recuperação mais sólida da economia”, reforça.

 

Últimas notícias