O abastecimento de água no Agreste pernambucano continua sendo um dos maiores problemas do Estado, e um dos desafios do futuro governador é conseguir a conclusão da Adutora do Agreste e o Ramal do Agreste, obras complementares ao Eixo Leste da transposição das águas do São Francisco, em operação desde março do ano passado.
Para finalizar os dois empreendimentos, é necessário um investimento de R$ 1,615 bilhão a ser bancado pelos cofres da União. Ambos são fundamentais para a segurança hídrica do Agreste. “Essas obras são um gargalo crucial para que a transposição cumpra o seu objetivo em Pernambuco”, comenta o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares.
A estatal está fazendo outras adutoras menores para transportar a água da Zona da Mata – que sofre menos com as estiagens – até os municípios do Agreste. No mundo real, não há conclusão prevista para a primeira etapa da Adutora do Agreste, que beneficiará 23 cidades numa extensão de 772 quilômetros, sendo 506 km já implantados.
Esse trecho do empreendimento recebeu R$ 840 milhões, e faltam R$ 440 milhões a serem gastos, de acordo com a Compesa.
Em obras desde 2013, a previsão inicial era de que essa parte fosse concluída em 2015, o que não ocorreu devido à diminuição de repasse dos recursos do governo federal, o que vem ocorrendo desde 2014, quando o então governador Eduardo Campos (PSB) passou a fazer oposição ao grupo político da presidente Dilma Rousseff (PT).
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ADUTORA DO AGRESTE
A segunda etapa da Adutora do Agreste beneficiará 45 municípios, mas também não tem data para ser iniciada. Depende do dinheiro do governo federal. Previstas desde 2005, as obras do Ramal do Agreste só foram iniciadas em abril deste ano, e a sua conclusão deve acontecer em abril de 2021, caso não ocorra descontinuidade na liberação dos recursos, o que é muito comum em obras realizadas pelo governo federal, nos últimos anos, em Pernambuco. O atual governador Paulo Câmara (PSB) também faz oposição ao presidente Michel Temer (MDB).
O ramal é um grande sistema adutor de 70,8 quilômetros, começando em Sertânia, onde é captada a água do Eixo Leste da Transposição do São Francisco, e indo até Arcoverde, onde começa a Adutora do Agreste. Nos primeiros cinco meses de execução do ramal, foram liberados R$ 25,3 milhões do orçamento de R$ 1,2 bilhão a ser executado em três anos. O valor gasto correspondeu a 6% do que deveria ser empregado num ano – cerca de R$ 400 milhões anuais, quando se divide o total a ser investido nos três anos da obra.
A Transposição do São Francisco já passou dez anos em obras, e até agora não se sabe quando uma parte significativa dessa água poderá ser usada pelos pernambucanos do Agreste. Por enquanto, a Compesa construiu a Adutora do Moxotó, que tem um traçado similar ao do Ramal do Agreste, começando em Sertânia e indo até Arcoverde, no Sertão. Esse sistema está em fase de teste e vai levar a água do São Francisco a nove municípios a partir de Arcoverde.
Outras adutoras que também podem levar água para o Agreste são: a Adutora do Alto Capibaribe – que vai pegar a água da transposição em Barra de São Miguel, na Paraíba, e trazer até Santa Cruz do Capibaribe –, a de Serro Azul e a de Pirangi, as duas últimas na Zona da Mata. A de Pirangi está pronta. A do Alto Capibaribe e a de Serro Azul estão em obras e devem ser concluídas no ano que vem. Não sofrerão com interrupção na liberação dos recursos porque estão sendo feitas com financiamentos obtidos pela própria Compesa.