Lava Jato

Mônica Moura entrega imagem de e-mail criado para conversas secretas com Dilma

De acordo com a delatora, tanto ela quanto Dilma tinham acesso à conta de e-mail, onde trocavam informações sobre o avanço da Lava Jato

Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 12/05/2017 às 17:50
Reprodução/PGR
De acordo com a delatora, tanto ela quanto Dilma tinham acesso à conta de e-mail, onde trocavam informações sobre o avanço da Lava Jato - FOTO: Reprodução/PGR
Leitura:

A empresária Mônica Moura, delatora da Operação Lava Jato, entregou ao Ministério Público Federal um registro com as imagens do e-mail que diz ter usado para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.

Mônica afirmou em delação premiada que criou "no computador da presidente" uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma, Giles Azevedo.

Mônica é casada com o publicitário João Santana. O casal de marqueteiros fez as campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Eles foram presos na Operação Lava Jato e fecharam acordo de delação premiada para se livrar da cadeia.

Email era usado pra trocar informações sobre o avanço da Lava Jato

Segundo a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.

A solicitação do registro das imagens foi feita, segundo o documento, por Felipe Pedrotti Cadori. Na Ata Notarial, o funcionário do Tabelionato afirma que às 15 horas e 14 minutos, acessei o sítio "https://www.gmail.com", e, após o solicitante efetuar login com usuário e senha, acessei referido e-mail, registrando a rotina sugerida na forma a seguir, do que dou fé.

Do documento constam três imagens. Em uma delas, há um rascunho de e-mail "[email protected]" com uma mensagem de 22 de fev: "Vamos visitar nosso amigo querido amanha. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?".

Mônica Moura declarou em papel assinado de próprio punho e entregue à Procuradoria-Geral da República que a senha de acesso ao e-mail 2606iolanda era iolanda47'.

Segundo ela, foi Dilma quem sugeriu o nome Iolanda em alusão à mulher do ex-presidente Costa e Silva - um dos generais da ditadura. Ainda segundo a delatora, 47 é o ano de nascimento da petista.

"Para preservar a existência da conta de e-mail, enquanto a colaboradora se encontrava presa, a senha de acesso foi trocada para "lice1984", que permanece até hoje", afirmou.

Confira a íntegra de uma das imagens divulgadas por Mônica Moura:

PGR-Lava Jato

Defesa

Por meio de uma nota enviada por sua assessoria, a ex-presidente Dilma Rousseff se pronunciou sobre as informações da delação premiada feita por Mônia Moura e João Santana. De acordo com ela, os dois "construíram versões falsas e fantasiosas" para buscar uma redução de pena. Você pode conferir a íntegra da nota de Dilma no texto abaixo:  

A respeito das delações feitas por João Santana e Mônica Moura, a Assessoria de Imprensa da ex-presidenta Dilma Rousseff esclarece:

1. Mais uma vez delatores presos, buscando conseguir sua liberdade e a redução de pena, constroem versões falsas e fantasiosas.

2. A presidenta eleita Dilma Rousseff nunca negociou doações eleitorais ou ordenou quaisquer pagamentos ilegais a prestadores de serviços em suas campanhas, ou fora delas. Suas determinações sempre foram claras para que a lei seja sempre rigorosamente respeitada. Todos aqueles que trabalharam, ou conviveram com ela, sabem disso.

3. São mentirosas e descabidas as narrativas dos delatores sobre supostos diálogos acerca dos pagamentos de serviços de marketing. Dilma Rousseff jamais conversou com João Santana ou Monica Moura a respeito de caixa dois ou pagamentos no exterior. Tampouco tratou com quaisquer doadores ou prestadores de serviços de suas campanhas sobre tal assunto.

4. É fantasiosa a versão de que a presidenta eleita informava delatores sobre o andamento da Lava Jato. Essa tese não tem a menor plausibilidade. Dilma Rousseff jamais recebeu de quem quer que seja dados sigilosos sobre investigações. Todas as informações prestadas pelo Ministério da Justiça ocorreram na forma da lei. Tal suspeita é infundada e leviana.

5. Causa ainda mais espanto a versão de que por meio de uma suposta “mensagem enigmática” (estranhamente copiada em um computador pessoal), conforme a fantasia dos delatores, a presidenta tivesse tentado “avisá-los” de uma possível prisão. Tal versão é patética. Naquela ocasião, já era notório, a partir de informações divulgadas pela imprensa, que isso poderia ocorrer a qualquer momento.

6. Mais inverossímil ainda é a afirmação de que Dilma Rousseff teria recomendado que os delatores ficassem no exterior, uma vez que todos sabem que mandados de prisão expedidos no Brasil podem rapidamente ser cumpridos em países estrangeiros.

7. É risível imaginar que a presidenta da República recebeu informações de forma privilegiada e ilegal ao longo da Lava Jato. Isso seria presumir que a Polícia Federal, o Ministério Público ou o próprio Judiciário, por serem os detentores e guardiões dessas informações, teriam descumprido seus deveres legais.

8. O governo Dilma Rousseff sempre foi acusado, por diferentes segmentos políticos, de deixar as investigações prosseguirem de forma autônoma, “descontroladas”, não buscando interferir ou obter previamente informações a respeito. E, espantosamente, as acusações agora vão em sentido contrário. É preciso lembrar as declarações do senador Romero Jucá, de que era preciso tirar a presidenta para “estancar a sangria”, “num amplo acordo com Supremo”, “com tudo”.

9. No TSE, foi possível comprovar, nas alegações finais entregues no início desta semana, que tanto João Santana quanto Mônica Moura prestaram falso testemunho perante a Justiça. A defesa já pediu investigação e a suspensão dos efeitos da delação premiada, tendo em vista que ambos faltaram com a verdade. As provas estão contidas nos autos do processo no TSE.

10. Dilma Rousseff acredita que, ao final de mais uma etapa desse processo político, como já provado anteriormente em relação a outras mentiras em delações premiadas, a verdade virá à tona e será restabelecida na Justiça.

ASSESSORIA DE IMPRENSA
DILMA ROUSSEFF

Últimas notícias