Agora é oficial. Depois de deixar o PSB e se unir a uma frente de oposição ao governador Paulo Câmara (PSB), o senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB) anunciou, no último fim de semana, sua pré-candidatura ao Palácio do Campo das Princesas. O parlamentar subiu ao palanque com Paulo na campanha de 2014, quando ambos foram eleitos, mas afastou-se do socialista após divergir com ele e com o partido em uma série de questões políticas no âmbito local e nacional.
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Na última segunda-feira (20), por meio de nota, o senador afirmou que tem viajado pelo Estado e percebido “o enorme desejo dos pernambucanos pela mudança”, acrescentando que “a atual gestão não tem correspondido às expectativas da população”. FBC completou dizendo que tem dialogado com forças que também se opõem ao governo Paulo e que “coloca o seu nome à disposição para o debate que se faz necessário”.
Para o deputado federal Bruno Araújo (PSDB), integrante do bloco de oposição que se articula para enfrentar Paulo Câmara em 2018, a pré-candidatura de FBC é “muito bem-vinda”. “Todas as alternativas que forneçam aos pernambucanos outras alternativas são muito bem-vindas. Nós estamos dialogando com o senador Fernando Bezerra Coelho, com o ministro Fernando Filho, com o ministro Mendonça Filho e com o senador Armando Monteiro. Todas as candidaturas que estejam postas reforçando esse projeto vão permitir que lá na frente haja uma convergência em torno de um propósito”, comentou o tucano.
A opinião de Bruno, entretanto, não é consenso entre os aliados de FBC. O ex-governador João Lyra Neto (PSDB), por exemplo, disse acreditar que o senador se precipitou ao anunciar agora suas intenções. “É extremamente irresponsável lançar qualquer candidatura agora, sem a definição dos rumos da política nacional e, por consequência, dos rumos das políticas estaduais”, cravou, referindo-se às convenções partidárias que devem ocorrer até o fim do ano em partidos como o PMDB e o PSDB, por exemplo.
Em meio à disputa interna pelo comando do PMDB pernambucano, Raul Henry, vice-governador do Estado e presidente estadual da agremiação, classificou de “cínica” a pré-candidatura do senador . “Eu acho que o senador Fernando Bezerra Coelho, que já consolidou aqui em Pernambuco duas marcas em sua trajetória - a da traição e do oportunismo - está somando a essas a marca do cinismo. Porque ele não tem nenhuma autoridade para falar em nome do PMDB de Pernambuco”, disparou.
O deputado estadual Jarbas Vasconcelos (PMDB), o senador Armando Monteiro Neto (PTB) e o PSB-PE foram procurados pela reportagem para comentar o anúncio feito por FBC, mas não quiseram se posicionar sobre o assunto. O governador Paulo Câmara e o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), estão cumprindo agenda nos Estados Unidos e não foram localizados pelas suas assessorias.
ENCONTRO
Uma grande reunião sobre segurança pública no próximo mês deve simbolizar o início de uma série de encontros temáticos que a oposição ao governador Paulo Câmara pretende fazer para fustigar o socialista em várias regiões do Estado enquanto pavimenta a elaboração do programa de governo a ser apresentado em 2018. O primeiro evento, que ocorrerá no início de dezembro, vai focar na violência, principal calo político da gestão Paulo. Entre janeiro e outubro o Estado registrou 4.576 homicídios.
“Agora em dezembro vamos fazer o primeiro encontro do conjunto de forças políticas que têm outro projeto para Pernambuco. Vamos discutir segurança, que é algo que aflige hoje a sociedade pernambucana”, afirmou ontem o deputado federal Bruno Araújo. “Nós estamos preparando um grande seminário entre os institutos desses partidos políticos para começar a discutir a problemática de forma objetiva. E deixar ao lado a crítica e nos concentrar no que é o mais importante: as propostas nas soluções que possam garantir segurança aos pernambucanos”, explicou o tucano.
No início do próximo ano, o grupo deve colocar em prática um cronograma de encontros regionais para debater outros temas em diversas cidades do Estado. O objetivo é fazer um diagnóstico da situação do Estado. Ao longo de janeiro e fevereiro, essas reuniões com eixos temáticos permitiram ao grupo viajar pelo Estado, se contrapondo ao governador Paulo Câmara, que tem intensificado as agendas pelo interior. Em março, prazo previsto para definição do palanque, o grupo também já teria diretrizes para embasar o programa de governo.