Festas de final de ano: como tornar as celebrações inclusivas para pessoas neurodivergentes

Barulho, luzes e cheiros intensos podem desencadear crises sensoriais e ansiedade em pessoas neurodivergentes; saiba como fazer uma festa inclusiva

Publicado em 17/12/2024 às 9:14 | Atualizado em 17/12/2024 às 9:17
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As festas de final de ano são momentos aguardados para celebração e reunião familiar. No entanto, para pessoas neurodivergentes, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os eventos podem ser um desafio.

O excesso de barulho, iluminação e a variedade de texturas e cheiros durante as festividades podem desencadear crises sensoriais, ansiedade e desconforto, tanto nas residências quanto em espaços públicos.

Garantir um ambiente inclusivo e acolhedor requer empatia, planejamento e adaptações simples que beneficiam não apenas as pessoas neurodivergentes, mas também idosos, bebês e até animais de estimação.

Sobrecarga sensorial: como identificar e minimizar

Para pessoas com TEA, a sobrecarga sensorial é um dos principais desafios durante as festas de final de ano.

Segundo a terapeuta ocupacional Cynthia Rodrigues, o excesso de barulho, luzes fortes, conversas simultâneas e decorações piscantes são potenciais gatilhos para crises e ansiedade.

“O período é uma ótima oportunidade de integração social, mas pode causar sobrecarga sensorial e aumentar o estresse, especialmente entre os autistas. É fundamental se antecipar e fazer ajustes necessários”, orienta a especialista.

Entre as alternativas mais eficazes está a criação de espaços tranquilos em casa, onde a pessoa possa se refugiar em momentos de desconforto.

Outras soluções incluem o uso de abafadores de ruído ou fones com cancelamento de som, que ajudam a minimizar o impacto de barulhos altos, como os provocados por fogos de artifício.

Para quem não abre mão da tradição pirotécnica, a adoção de fogos silenciosos é uma alternativa que preserva os efeitos visuais, mas sem os impactos sonoros.

Seletividade alimentar

A seleção de alimentos também pode ser um desafio durante as celebrações. Pessoas com autismo frequentemente apresentam seletividade alimentar, rejeitando certos sabores, texturas, cheiros ou até a aparência dos alimentos

De acordo com a nutricionista Priscilla Alves Leenders, isso ocorre devido à sensibilidade exacerbada e à rigidez cognitiva, características comuns em pessoas neurodivergentes.

“Durante as festas, a diversidade de pratos, como sobremesas com diferentes cores e consistências ou carnes com temperos intensos, pode causar incômodo e até mesmo recusa alimentar. A saída é comunicar o cardápio com antecedência e permitir que a família leve opções conhecidas e confortáveis”, explica a especialista.

Levar uma "quentinha" com alimentos familiares é uma estratégia eficaz para evitar crises e garantir que a pessoa tenha uma experiência positiva à mesa.

Esse cuidado ajuda a prevenir desregulação emocional e promove a inclusão durante a refeição.

Dicas práticas para tornar as festas mais inclusivas

Pais, cuidadores e organizadores de festas podem adotar medidas simples para garantir que as celebrações sejam inclusivas e confortáveis para pessoas neurodivergentes:

  • Previsibilidade e planejamento
  • Explique com antecedência como será o evento e o que é esperado;
  • Ensaie a rotina, se necessário, para evitar surpresas e reduzir a ansiedade;
  • Espaços tranquilos;
  • Crie um ambiente silencioso onde a pessoa possa descansar em caso de sobrecarga sensorial;
  • Evite luzes piscantes e iluminação excessiva; opte por luzes suaves;
  • Alimentos familiares;
  • Consulte os convidados com antecedência sobre preferências alimentares;
  • Permita que a família traga alimentos conhecidos para pessoas com seletividade alimentar;
  • Controle do barulho;
  • Reduza o volume da música e evite fogos de artifício com som alto;
  • Se fogos forem inevitáveis, disponibilize protetores de ouvido ou fones com cancelamento de ruído;
  • Utilize pictogramas ou sinais visuais para comunicar mudanças ou organizar a rotina durante o evento;
  • Atenção dos cuidadores;
  • Esteja atento aos sinais de sobrecarga sensorial e pronto para intervir de forma tranquila.

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