Eleições 2022

Incertezas sobre partidos tiram o sono dos políticos

Chegada de Bolsonaro ao PL de Anderson Ferreira vai atrapalhar a vida do prefeito e de Raquel Lyra nas composições estaduais

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Jamildo Melo

Publicado em 09/11/2021 às 11:43 | Atualizado em 09/11/2021 às 12:12
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Por Terezinha Nunes, em artigo enviado ao blog

“É impossível que se consiga fazer qualquer previsão diante de um cenário absolutamente incerto”. Assim reagiu a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, ao se referir esta segunda-feira à decisão do presidente Bolsonaro de se filiar ao PL, o que pode abalar a aliança entre ela, seu partido, o PSDB, o prefeito de Jaboatão Anderson Ferreira (PL) e o Cidadania, que não aceita estar no mesmo palanque do atual presidente.

Na verdade, as incertezas não estão abalando apenas os grupos oposicionistas no estado, e não estão restritas ao posicionamento do presidente que tem peso relativo em Pernambuco devido ao seu alto grau de rejeição.

O ambiente é também de incertezas e de nervosismo nas hostes governistas.

Além de ainda não ter definido seu candidato a governador, o PSB enfrenta um grande problema paralelo que também depende de outras definições. Não só pode enfrentar turbulências caso se concretize a aliança PL/PP em torno de Bolsonaro, tirando o PP da base oficial, como ainda não sabe o que fazer para abrigar em uma única sigla os deputados federais que não vão conseguir formar chapa em seus próprios partidos para disputar a eleição do próximo ano.

Estão neste rol os deputados Raul Henry(MDB), Augusto Coutinho(Solidariedade), André de Paula(PSD) e, possivelmente, Silvio Costa Filho(Republicanos) e Sebastião Oliveira (Avante).

Todos eles aguardam que o governador Paulo Câmara entre no circuito para resolver este imbróglio mas, apesar de insistirem com Paulo desde que as coligações acabaram, não têm ainda uma resposta conclusiva.

Na última conversa o governador pediu paciência e acenou que talvez no final deste mês tenha uma definição não só sobre o candidato a governador – encomendou uma grande pesquisa – como sobre a verdadeira ginástica que precisará fazer para colocar pelo menos os três primeiros – Raul, Coutinho e André – em uma mesma sigla.

André pode não precisar disso caso seja candidato ao senado mas se o PSB não tem nem candidato a governador muito menos está disposto a definir-se em relação ao senado agora.

Há por parte desses deputados a impressão de que sendo o ex-prefeito Geraldo Júlio o escolhido será mais fácil resolver a situação porque trata-se do que chamam de “candidato natural”. Imaginam que qualquer nome novo pode gerar turbulência na base, inclusive dentro do próprio PSB.

Difícil está sendo convencer Geraldo disso. O prefeito João Campos tem confidenciado a amigos que vem insistindo com o ex-prefeito mas ele se mantém irredutível. A pelo menos uma grande liderança da base governista ele revelou há poucos dias que já conversou três vezes com Geraldo e não teve sucesso.

A tarefa volta para o governador que, pelo que se sabe, ainda não se dispôs a partir pros “finalmente” com Geraldo, o que aumenta a especulação sobre possíveis dificuldades no relacionamento entre os dois.

Diante de uma incerteza geral, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que esteve por uns dias mais calado, diante da decisão de Raquel e Anderson de formarem um grupo paralelo na oposição, afirmou nesta terça-feira que se mantém na disputa e aconselhou “serenidade” concluindo que muita água ainda pode correr debaixo da ponte.

Na oposição, por exemplo, ou Anderson abraça a candidatura de Bolsonaro e afasta o Cidadania ou vai para o PSC, controlado por seu irmão André Ferreira. Mas isso o afastaria abertamente do bolsonarismo cujos militantes são minoritários mas conhecidos por fazer muito barulho e estarem espalhados por todos os municípios pernambucanos dispostos a defender o presidente com unhas e dentes. Uma coisa é certa, até março, quando vence o prazo de troca de partidos, a insônia vai ser a palavra chave entre as principais cabeças governistas e oposicionistas no estado.

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