Diariamente acompanhamos notícias sobre a violência no Rio de Janeiro. Confrontos entre policiais e criminosos muitas vezes transformam a "Cidade Maravilhosa" em um campo de batalha. Mas, no meio de tanta brutalidade, algumas vezes conseguimos encontrar histórias que podem nos dar esperanças de dias melhores.
Em Alcântara, São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a atitude de dois policiais chamou a atenção pela generosidade.
Foto: Arquivo pessoal
Durante um patrulhamento de rotina, o sargento
França Júnior e o
Cabo W. Coutinho entraram em uma loja de bijuterias para saber se as coisas tinham melhorado com a intensificação das rondas policiais.
Marcos Viana estava trabalhando na loja no momento em que os policiais chegaram e ficou curioso com o fato de os policias estarem vestidos com um fardamento tão pesado em pleno verão - neste período do ano as temperaturas chegam a bater os 40 graus na cidade.
"Ele me disse que não sabia como nós, policiais, estávamos aguentando todo aquele calor debaixo da nossa farda. Ele me disse que, para ele, esta é a pior estação do ano", contou o sargento França, que estranhou a reclamação, já que a loja estava com uma temperatura agradável.
O sargento então perguntou o motivo do incômodo: "Foi aí que ele me contou que tinha um filho especial,
Carlos André, de 12 anos, e que, nesta época do ano ele não consegue dormir e fica se debatendo por conta da alta temperatura que faz, mesmo de noite", declarou o Sargento.
O policial ficou tocado com a situação e saiu do local com um objetivo em mente: comprar um ar-condicionado para amenizar o sofrimento do comerciante e do seu filho. Como um aparelho de ar-condicionado consome muita energia, ele começou a pensar se valeria a pena.
"Sei que uma pessoa que ganha pouco não tem condições para pagar o valor que vem a (conta de) luz quando se usa este aparelho. Mas fui para casa com isso na cabeça aquele dia. Depois, conversei com meu parceiro de guarnição, o Cabo W. Coutinho, e ele topou dividirmos um ar para o rapaz. Mas, antes, deveríamos perguntar se ele conseguiria manter o presente".
Os policiais voltaram a loja para saber se Marcos teria condições de sustentar os custos do aparelho. Emocionado, ele respondeu que sim. "Ficamos muito felizes e, na hora, fomos comprar o ar-condicionado para ele! Ele nos contou que o menino, quando soube, abriu um sorrisão! A mãe e a avó do menino choraram e queriam nos conhecer", disse o policial.
Foto: Arquivo pessoal
A atitude dos policiais pegou de surpresa
Aline Vieira, de 35 anos, esposa de Marcos e mãe de Carlos. "Estávamos sem condições de comprar um aparelho e o nosso filho não conseguia dormir. Nossa casa é de telha, então fica muito quente! Eu fiquei muito emocionada. Foi um gesto muito bonito", disse ela.
A PM não é só violência!
Em entrevista, o Sargento França disse que fica triste com a esteriótipo ruim que as pessoas têm em relação à PM. Com 22 anos de serviço na corporação, ele se diz satisfeito com a repercussão do caso.
"Nós ficamos muito gratificados, porque, por incrível que pareça, isto está repercutindo positivamente. O que a pessoa espera do policial? Só notícia ruim. Então, quando aparece este tipo de coisa positiva, as pessoas reagem desta forma. Eu sempre gosto de ajudar. Sou doador de vários bancos de sangue pelo Rio e participo de um projeto de futebol para crianças no batalhão. No fim do ano, também fazemos uma festa de Natal para as crianças do meu bairro, com bolo e presentes", finalizou França.
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*Com informações do
Hypeness