A 'carta-bomba' que confirmou a renúncia de Milton Bivar da presidência do Sport completa exatos 30 dias nesta quarta-feira, 14 de julho. De lá para cá, o Rubro-Negro entrou numa crise profunda, acentuada pelo caos político que gerou no clube, problemas extracampo e, dentro das quatro linhas, um time que já está na zona de rebaixamento da Série A, tendo a sua pior campanha na era dos pontos corridos sob o recorte de 11 jogos.
Após a saída de Milton Bivar e também de Carlos Frederico, que tinham sido eleitos em abril, Pedro Leonardo Lacerda assumiu o Executivo de maneira interina. O clube, aliás, realiza eleições na próxima quinta-feira, 15 de julho, com Leonardo Lopes candidato a presidente pelo grupo 'Sport na Raça', tendo Yuri Romão como vice. Do outro lado, José Valadares pleiteia à presidência pela chapa 'Coragem e Honestidade, o Melhor para o Sport', tendo Fernando Pessoa como vice-presidente.
Caos político
A crise política vivida pelo Sport, aliás, vem desde o dia 30 de novembro de 2020, quando o Conselho Deliberativo aprovou o adiamento da eleição, originalmente marcada para dia 18 de dezembro. Dessa data em diante, o clube viveu um processo eleitoral para lá de conturbado, com mudanças de datas recorrentes do pleito, trocas de farpas entre candidatos e, no dia do pleito, uma eleição agitada e que deu a vitória para Milton Bivar por 38 votos a mais que Nelo Campos, opositor.
Com a renúncia de Milton e Carlos Frederico, se cogitou até eleição indireta, algo que contraria o estatuto. No entanto, após movimentos da torcida e de lideranças do clube, o Conselho Deliberativo votou, de maneira expressiva, pela eleição direta, marcada para 15 de julho. Os dias até o pleito, porém, não foram tranquilos, mas sim bem agitados.
Entre as tentativas de consenso, candidaturas impugnadas, ações na Justiça e mais, os dias pré-eleições do Sport foram marcados por muita agitação, que naturalmente interferiram no campo. Após o empate do Leão contra o Atlético Goianiense, inclusive, o atacante André, em entrevista ao Premiere, afirmou que o Rubro-Negro precisava de um presidente que chegasse para ajudar o elenco.
Com o pleito acontecendo na próxima quinta-feira, a tendência é de que o caos político vivido pelo clube tenha fim, tendo em vista que o novo presidente assume o Rubro-Negro com a legitimidade das urnas.
Problemas extracampo
Tendo apenas um presidente interino após a renúncia de Milton Bivar, o Sport também teve problemas extracampo. E a maioria deles foi potencializada por um causador: salários atrasados, algo que vem sendo recorrente na Ilha do Retiro. Esses atrasos no pagamento, inclusive, geraram o maior atrito entre Pedro Leonardo Lacerda, comandante interino do Executivo, e o elenco Rubro-Negro.
No dia 6 de julho, em entrevista à Rádio Jornal, o presidente interino afirmou que havia pago a folha de abril. No entanto, na parte da tarde, os jogadores viram um print da matéria do Blog do Torcedor que circulava nas redes sociais e negaram que tinham recebido. No total, cerca de 15 atletas se manifestaram no Instagram com a #Mentira.
Horas depois dessa reação dos jogadores, novamente em entrevista à Rádio Jornal, Pedro Leonardo Lacerda classificou o protesto dos atletas como 'uma atitude canalha, irresponsável e antiprofissional'. Além disso, o presidente interino não descartou punir os nomes envolvidos nessa manifestação que aconteceu nas redes sociais - até o momento ninguém foi punido.
Além desse episódio, houve o afastamento do lateral-direito Patric, que foi acusado pelo clube de cometer um ato de indisciplina. Pouco depois disso, no entanto, o jogador entrou com uma ação na Justiça cobrando salários atrasados e pedindo a rescisão. O advogado do atleta, aliás, disse ao Blog que o tratamento da atual gestão pesou para ele ter tomado essa decisão.
Outro episódio que elevou os problemas do Sport fora das quatro linhas foi o volante Rentería, contratado em abril e que sequer chegou a ser relacionado, acionar a Justiça cobrando mais de R$ 1 milhão.
Zona de rebaixamento
Com essa crise política e o clube recheado de problemas extracampo, por incrível que pareça o futebol do Sport acabou ficando em segundo plano. E a conta chegou forte, com o Rubro-Negro fazendo a sua pior campanha dos pontos corridos sob o recorte de 11 rodadas e estando dentro do Z4, tendo conquistado apenas sete pontos, com uma campanha de uma vitória, quatro empates e cinco derrotas.
Além da pior campanha, o Sport é um time que não consegue evoluir de maneira sólida sob o comando do técnico Umberto Louzer. Por conta disso, vários rubro-negros já pedem a mudança de treinador. Uma possível substituição no treinador, no entanto, só pode acontecer após a eleição, tendo em vista que o novo presidente, que terá legitimidade das urnas para tomar decisões, será conhecido apenas na quinta-feira.
Além disso, vale lembrar que o Sport foi o único clube da Série A que não participou da reunião para a criação da Liga para organizar o futebol brasileiro. A ausência do Rubro-Negro, claro, se deu pelo fato de não ter presidente. Em nota, o clube reiterou seu apoio a favor do movimento, apesar de ter ficado de fora da reunião definitiva para a criação.
Com relação ao elenco, o Sport ainda tem algumas carências, sobretudo no meio-campo e ataque. No entanto, com o 'clube preso' enquanto não tem eleições, não foi possível reforçar. Isso, aliás, deve acontecer após a vitória de Leonardo Lopes ou José Valadares.