O Santa Cruz entra em campo na próxima segunda-feira precisando vencer o Volta Redonda a todo custo, uma vez que um empate ou derrota deixa o Tricolor mais perto da queda para a Série D. E a Cobra Coral tem uma boa lembrança do adversário. Na última vez que se enfrentaram no Arruda, em 1998, o Santa conquistou uma vitória emocionante de virada: 3x2, num resultado que salvou o time da queda para a Série C e rebaixou o Volta Redonda.
O curioso desse jogo, válido pela última rodada da primeira fase da Série B, é que o gol da vitória coral foi marcado pelo zagueiro Rau, que entrou na partida aos 41 minutos do segundo tempo. Só que ele não foi acionado para atuar na zaga, mas sim no ataque. A ideia foi do então técnico Givanildo Oliveira, que relembrou do episódio em uma entrevista ao site oficial do Santa Cruz.
"Já estava faltando cinco minutos para acabar o jogo e eram só três trocas na época. Eu não tinha mais ninguém de ataque pra colocar em campo e o Rau entrou porque não tinha mais opção no banco. No recreativo ele sempre jogava no ataque e fazia gol toda hora de cabeça. Aí me deu o estalo", disse Givanildo, que hoje é diretor técnico do clube.
"Quando eu mandei chamar, ele chegou perto de mim e eu disse: 'Tu vai entrar de atacante.' Ele: 'Como?'. Rau tinha uma boa impulsão e fazia os gols no recreativo, aí eu mostrei: 'Tá vendo lá o nosso lateral? Toda hora ele vai e cruza na segunda trave'. Na primeira bola ele cabeceou e bateu na rede pelo lado de fora. A torcida gritou gol, mas não foi. Aí na segunda vez... Foi", completou Givanildo.
Na época desse confronto, inclusive, nenhum clube de Pernambuco havia disputado a Série C. Ou seja, um rebaixamento do Tricolor para a Terceira Divisão de 1999 era uma tragédia. O contexto em 2021, no entanto, é bem diferente. Se há quase 23 anos o Santa lutava para evitar a Terceirona, hoje o Tricolor batalha para permanecer na divisão e não amargar um retorno à Série D.
O Jogo
Em um Arruda que contou com mais de 55 mil pessoas, o Santa Cruz começou pressionando, mas quem abriu o placar foi o Volta Redonda, que marcou aos 34 do primeiro tempo. Em seguida Gilson até empatou para o Tricolor, mas os cariocas balançaram as redes nos acréscimos e foram para o intervalo em vantagem, num resultado que rebaixaria o Santa.
No entanto, logo no início do segundo tempo, o atacante Célio, herói coral em 1993, marcou o gol de empate. Ele, inclusive, também foi o responsável pela expulsão de Sandro, goleiro do Volta Redonda. Com o 2x2 no placar, o Santa seguiu pressionando, mas a bola insistia em não entrar. No entanto, aos 46 do segundo tempo, foi a vez do iluminado Rau fazer o gol da vitória coral. O tento, inclusive, foi o primeiro do defensor com a camisa do Santa.
"Foi um dia inesquecível. Não alcançamos o nosso principal objetivo naquele ano, que era o acesso à Série A, mas também não deixamos o clube cair. Foi um jogo difícil", relembrou Jeferson, que foi titular do Santa Cruz naquela campanha. Em entrevista ao Blog do Torcedor, o arqueiro também fez questão de elogiar Givanildo Oliveira, técnico coral naquele ano.
"Trabalhei com o professor Givanildo em quatro clubes: Sport, Náutico, Criciúma e Santa Cruz. É um excelente profissional, fecha com o grupo e veste a camisa dos atletas. Gosta muito das coisas bem organizadas. Trabalhar com ele foi uma honra", completou o goleiro.
Dias depois desse jogo, o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) reverteu o 4x0 sofrido pelo Santa Cruz contra o Volta Redonda, em 1998, na estreia da Série B daquele ano. O motivo dessa alteração foi a escalação irregular do jogador Anderson Ortega por parte do time carioca. Com essa decisão, inclusive, o Santa foi para a segunda fase da Segunda Divisão daquele ano, mas não subiu. O acesso, aliás, veio em 1999.