VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

Alepe analisa possibilidade de discutir retorno das torcidas organizadas em Pernambuco

Em tese, as torcidas organizadas foram proibidas de ter acesso aos estádios desde fevereiro de 2013

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JC

Publicado em 07/12/2021 às 7:15
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A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) está analisando a possibilidade da criação de um Grupo de Trabalho (GT) para discutir o retorno das torcidas organizadas no Estado. Na última sexta-feira (3), a Comissão de Esportes da casa realizou uma audiência pública a pedido da deputada Teresa Leitão (PT) e presidida pelo deputado João Paulo Costa (Avante). Apesar de extintas para o poder público, as torcidas organizadas continuam existindo na prática e causando problemas ao futebol pernambucano.

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Além dos deputados, a audiência contou com a presença de representantes de torcidas, do Judiciário, Ministério Público, da área da Segurança Pública do Estado e da OAB.

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As torcidas organizadas foram proibidas de ter acesso aos estádios desde fevereiro de 2013, por força de uma liminar assinada pelo então juiz do Juizado do Torcedor, José Raimundo dos Santos Costa, atendendo a um pedido da Federação Pernambucana de Futebol. Em fevereiro do ano passado, o juiz Augusto Sampaio Angelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública, decretou a extinção das três principais torcidas organizadas de Pernambuco: Torcida Jovem do Sport, Inferno Coral e Fanáutico.

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Em tese, foi o que aconteceu. Entretanto, quem frequenta estádios em Pernambuco continua se deparando com os integrantes das uniformizadas e não apenas nas arquibancadas. Além disso, por vezes, eles protagonizam episódios de brigas, violência e tumulto.

Um exemplo recente é o jogo entre Sport x Bahia, realizado na Arena de Pernambuco no último dia 18 de novembro, pela Série A do Brasileirão. Antes de a bola rolar, a uniformizada rubro-negra protagonizou momentos de tensão dentro e fora do local da partida. Os membros da organizada ainda invadiram o campo em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Todo o protocolo de prevenção contra a covid-19 na entrada do estádio foi desrespeitado. 

O Batalhão de Choque da Polícia Militar tentou controlar a situação e precisou usar balas de borracha. Várias catracas do setor sul da Arena foram arrancadas e grades foram derrubadas. Houve confronto entre os agentes e os membros da uniformizada.

Relatos de torcedores nas redes sociais na época do jogo revelaram confronto entre a organizada do Sport contra as uniformizadas do Bahia e Santa Cruz. No dia da partida, viralizaram imagens da organizada do Bahia chegando na sede da uniformizada do Santa Cruz. As uniformizadas do Bahia e Santa Cruz são rivais da organizada do Leão. 

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Segundo a deputada Teresa Leitão, a discussão do tema foi levada ao Colegiado de Esportes a partir da demanda de torcedores do Trio de Ferro pernambucano, que buscam apoio do Legislativo para retornarem aos estádios.

Durante a audiência, o secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire Barros, e o diretor adjunto da Diretoria de Planejamento Operacional da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Alexandre Tavares, foram, segundo a Alepe, taxativos ao afirmar que os clubes não têm cumprido a parte que lhes cabe no plano de segurança dos eventos esportivos elaborado pelo setor.

Representantes de torcidas de Sport, Santa Cruz e Náutico argumentaram que a Justiça deveria responsabilizar diretamente os torcedores envolvidos em confusões nos estádios, e não as torcidas organizadas. Vale frisar que nem mesmo as próprias organizadas têm controle de quem está usando uniformes ligados a elas e causando tumultos.

Para o juiz Flávio Fontes, titular do Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo e Criminal do Torcedor da Capital, o problema são pessoas infiltradas nas torcidas para cometer crimes. Ele lembrou que o Estatuto prevê a obrigatoriedade da manutenção de um cadastro de membros pelas torcidas e sugeriu a implantação nos estádios de um sistema de reconhecimento facial, como ocorre em outros estados.

O promotor titular da Promotoria do Torcedor, José Bispo de Melo, também argumentou que as organizadas nunca apresentaram devidamente o cadastro de sócios quando solicitado pelo Ministério Público estadual.

 

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