O Santa Cruz teve uma temporada para descartar da memória dos Tricolores. Campanhas negativas, rebaixamento para a Série D do Campeonato Brasileiro, contratações em excesso e nova gestão que foi de esperança à frustração acabou resumindo bem o ano de 2021 da Cobra Coral.
Confira a retrospectiva 2021 do Santa Cruz:
ProSanta
Visando um novo horizonte para o Santa Cruz, a torcida elegeu de forma arrasadora a chapa ProSanta, liderada pelo atual presidente Joaquim Bezerra. Após a nova gestão assumir, a torcida viu o novo estatuto ser aprovado pelo novo Conselho Deliberativo e vislumbrou um futuro brilhante para o clube. Mas não foi bem assim...
Com a reforma do estatuto aprovada no Conselho Deliberativo - já em vigor - e com um novo formato de gestão, a nova diretoria do Santa Cruz acabou tropeçando no que seria mais necessário para alavancar o clube naquele momento, ao menos dentro de campo: conhecimento de caso. Ou seja, alguém que saiba fazer futebol em um clube que é, obviamente, de futebol.
A inexperiência na área futebolística foi um ponto que o próprio Joaquim Bezerra assumiu em declarações passadas. Enquanto o novo presidente tentava organizar a casa estruturalmente, o futebol do clube passou a agonizar dentro e fora de campo. O resultado foi visto no final da temporada.
Cinco treinadores, nenhum resultado
O Santa Cruz iniciou a temporada com João Brigatti no comando técnico do clube e tendo que lidar com um elenco recém reformulado, já que ele contou com poucos remanescentes da Série C de 2020. O time não engatou e os problemas nos bastidores começaram a surgir.
Brigatti foi apenas um dos cinco treinadores que chegaram ao Santa Cruz em 2021. Alexandre Gallo chegou para assumir o clube no meio do Campeonato Pernambucano, mas passou apenas 10 dias e se despediu denunciando problemas estruturais na Cobra Coral.
Bolívar chegou logo depois. Chegou a ir à semifinal do Pernambucano, mas caiu para o Náutico e deu início à inter-temporada para a Série C do Campeonato Brasileiro. A equipe não teve resultados imediatos e Bolívar foi demitido sem uma vitória sequer.
Roberto Fernandes assumiu e tentou mudar a maré da equipe dentro de campo, mas apesar de alguns lampejos de melhora, a equipe terminou rebaixada para a Série D e a diretoria promoveu uma nova troca de treinadores para as Eliminatórias para a Copa do Nordeste.
Leston Junior foi o nome escolhido. Apesar do pouco tempo de trabalho, a equipe teve uma melhora ofensiva, mas não teve equilíbrio e sofreu defensivamente diante jogo decisivo contra o Floresta. A equipe foi eliminada nos pênaltis, mas Leston seguiu no comando e participa da reformulação do time para 2022.
Contratação em excesso
O ritmo de técnicos contratados acompanha o de jogadores do elenco. Em 2021, foram 41 contratações feitas no qual apenas duas foram reaproveitadas para 2022 (Geaze e Tarcísio). Dentre inúmeros reforços para o setor ofensivo, os gols saíram apenas de quem já era jogador da casa (Léo Gaúcho e Pipico).
Entre as contratações, ocorreram as dispensas. Essas que também trouxeram inúmeras dívidas trabalhistas relacionadas a atrasos salariais e recisões a pagar. Já para 2022, 14 nomes já acertaram com o clube, com o número podendo chegar a 15 até a virada do ano.
Confira as contratações do Santa Cruz até o final da Série C:
Goleiros: Geaze, Marcão, Felipe Silva e Martin Rodríguez;
Laterais: Alan Cardoso, Julinho, Fernando Pileggi, Digão, Weriton, Lucas Rodrigues e Gilmar;
Zagueiros: Hebert, Breno Calixto, Victor Oliveira e Rafael Castro;
Volantes: Augusto César, Karl, Elicarlos, Everton Dias, Vitinho, Derley e Maycon Lucas;
Meias: Marcos Vinícius, Pericles, Rondinelly, Tarcísio, Jailson e Lelê;
Atacantes: Madson, Maxwell, França, Bustamante, Lucas Batatinha, Adriano Michael Jackson, Wallace Pernambucano, Frank, Quiñonez, Levi, Rone, Elias Carioca e Bruno Moraes.
Ameaças e dissolvição do ProSanta
Com os resultados negativos acontecendo no decorrer de 2021, a torcida pressionou todos os setores do clube para uma melhora, ocorrendo até ameaças e ações de vandalismo por parte da principal organizada do clube coral. Membros que faziam parte da nova cúpula tricolor acabaram deixando o clube antes dele afundar para a Série D.
O primeiro a sair foi o presidente do Conselho Deliberativo Mário Godoy, que pediu licença do cargo no meio de julho após pressão e ameaças de torcedores. O pedido de licença de Godoy antecipava a renúncia ao cargo. Marino Abreu, então vice-presidente, assumiu a função.
Quem pulou fora do barco em seguida foi o vice-presidente André Frutuoso, que entregou o cargo após ter seu escritório de advocacia, no bairro do Espinheiro, depredado por membros de torcida organizada. Temendo o pior, o advogado não hesitou em se afastar do clube.
No final de agosto, quem saiu do Santa Cruz foi o diretor de marketing e publicidade Felipe Marenas, que não se pronunciou sobre seu afastamento mas se vangloriou pelo trabalho feito à frente do setor responsável. Na mesma época, o conselheiro Jânyo Janguiê Diniz, que fazia parte do Conselho Fiscal, também deixou o clube.
Presidente do conselho patrimonial, Thomaz Pereira, também entregou seu cargo no final de agosto. O dirigente enviou uma carta ao presidente Joaquim Bezerra expressando descontentamento com a desvalorização na hierarquia do clube e pouca valorização no trabalho feito "sem nenhuma contrapartida por parte dos executivos". Thomaz, inclusive, esteve ao lado de André Frutuoso, Mario Godoy e o presidente Joaquim durante cerimônia de posse da nova gestão tricolor, no Arruda.