A Fórmula 1 é um esporte complexo e, por vezes, polêmico. A própria "natureza" da categoria, que trás carros com desempenhos diferentes, proporciona discussões acaloradas e sem respostas definitivas.
Um dos assuntos mais debatidos é até onde pode e deve ir o "jogo de equipe", onde, por vezes, o piloto cede a posição ao seu companheiro para ajudá-lo na briga pelo título. Hoje, 12 de maio de 2022, um dos episódios mais polêmicos da história da F1 completa 20 anos.
Em 12 de maio de 2002, o brasileiro Rubens Barrichello, da Ferrari, liderava o GP da Áustria, em Zeltweg, apenas o sexto da temporada, após ter sido o mais rápido do fim de semana e cravado a quinta Pole Position da carreira.
A vitória de Rubinho era incontestável. O brasileiro sobrou na pista e, em termos de "soberania", foi uma de suas melhores corridas na carreira, em termos de ritmo, chegou a ser 0.6s mais rápido que o seu companheiro de equipe, o então tetracampeão mundial Michael Schumacher.
O alemão só havia se aproximado do brasileiro após dois acionamentos de Safety Car. Durante 23 voltas, Rubinho liderou a corrida com Schumacher em segundo.
A Ferrari tinha tempo de sobra para dar a ordem dos pilotos inverterem a posição, mas não o fez. Schumacher liderava o campeonato após quatro vitórias em cinco corridas e não parecia necessitar de qualquer tipo de auxílio àquela altura na caminhada rumo ao Penta.
Mas, na reta de chegada, a Ferrari mandou às favas a ética, Rubinho, o orgulho, e Schumacher, a vergonha. O alemão ultrapassou o brasileiro a pouquíssimos metros da linha de chegada, surpreendendo ao mundo e ao narrador Cléber Machado, que soltou a icônica frase "hoje não, hoje não, hoje sim!", no momento da ultrapassagem.
Pela primeira vez na história, um pódio da F1 foi marcado pelas vaias. Não apenas de torcedores rivais, mas por uma legião de fãs da categoria que ficaram indignados com a atitude.
Em uma tentativa de consertar as coisas, Schumacher ainda cedeu o troféu e o primeiro lugar na comemoração a Rubinho, mas insuficiente para limpar a mancha que foi aquele GP, não necessariamente pela troca de posições, algo que sempre aconteceu e continuará acontecendo no automobilismo, mas pela forma que se deu e pela falta de necessidade de ter acontecido.
Schumacher se tornaria pentacampeão com muita folga. Foram 144 pontos somados, 10 vitórias e pódio em todas as 16 corridas da temporada. O vice foi Rubinho, com 77 pontos, 3 vitórias e 6 pódios.
O Colombiano Juan Pablo Montoya, da BMW Williams, maior ameaça à Ferrari, foi o terceiro com 50 pontos e sem nenhuma vitória.