Na semana passada, após oito anos o corrido, a Justiça do Estado de Pernambuco determinou que o Santa Cruz e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) paguem, de forma solidária, uma indenização milionária para a família do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva. A informação foi divulgada em primeira mão pelo Blog de Jamildo. Ele foi atingido por uma privada arremessada do estádio do Arruda, após o jogo do Santa Cruz contra o Paraná, pela Série B daquele ano.
A partida ocorreu em 2 de maio de 2014. Paulo Ricardo tinha 26 anos e morreu na hora.
Autores do crime, Everton Felipe Santiago Santana, de Luiz Cabral de Araújo Neto, e de Waldir Pessoa Firmo Júnior foram condenados em júri popular, no dia 2 de setembro de 2015. Everton pegou 28 anos e nove meses, Luiz 25 anos, sete meses e 15 dias e Waldir, 22 anos e seis meses.
O responsável por definir esse período foi o juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques, que presidiu a sessão. Os três foram condenados por homicídio consumado, pela morte de Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26, e por outras três tentativas de homicídios, pessoas que foram atingidas pelos estilhaços dos vasos sanitários.
O caso chocou Pernambuco e o Brasil, em 2014.
A indenização de R$ 1,2 milhão, além de uma pensão, será paga a Joelma Valdevino da Silva e José Paulo Gomes da Silva, genitores de Paulo Ricardo Gomes da Silva. O valor original era de R$ 500 mil, agora corrigidos. O pedido inicial era de uma indenização de R$ 4 milhões.
O caso foi relatado pelo desembargador Fernando Martins, no TJPE, ao lado desembargadores que compõem a 6ª CAMARA CIVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco.
A primeira sentença havia sido dada ainda em 2016. A segunda instância, somente agora.
"Considero que a pena foi leve, considerando o poderio econômico da entidade futebolística. Em onze anos, morreram mais de 157 pessoas nos estádios brasileiros de futebol e trata-se tudo como normal. Em 2014, a CBF faturava R$ 450 milhões. Dez anos depois, já era R$ 900 milhões. Um diretor da CBF tem salário de R$ 2 milhões por ano", comenta o advogado Nicolas Coelho, ao Blog de Jamildo.
A CBF e o Santa Cruz, caso não desejem encerrar o caso, podem questionar a decisão e entrar com embargos, no STJ.
No processo, a entidade defendeu que a culpa era do torcedor que morreu. Ele estava no local errado, na hora errada. O advogado Nicolas Coelho conta que jamais a família foi procurada pela entidade.
O rapaz que jogou o vaso sanitário do alto das arquibancadas do Santa Cruz foi preso. Houve uma briga de torcidas na saída do estádio.
No processo, ele explicou que "achou que o jovem morto era uma outra pessoa que teria dado uma surra nele".
"A CBF tolerava esta situação e incentivava, colocando ingressos à disposição das torcidas organizadas. O presidente do Santa Cruz (na época) também aparece, nos autos, ao lado de líderes da torcida organizada", afirma Nicolas Coelho.