“O Santa Cruz nasceu e viverá eternamente”. A frase dita por Alexandre de Carvalho, um dos fundadores do clube coral, é uma das mais bonitas para descrever o quanto a paixão pode sustentar qualquer clube de futebol ao longo da história.
Não há outro argumento que descreva a relação do torcedor com as Repúblicas Independentes do Arruda.
Enquanto o time perdia para o Íbis e via o fundo do poço de perto, as arquibancadas ecoavam o hino do Mais Querido das Multidões, como se fosse uma última reza para evitar que a tragédia acontecesse.
A fé, amiga desde a fundação do clube em 1914, quando permitiu que meninos jogassem bola no pátio da Igreja Santa Cruz, não podia interferir no destino traçado há anos. Da Série D à Sul-Americana e dela de volta para a Quarta Divisão nacional.
Uma frase dita por um torcedor e relatada pelo repórter João Victor Amorim durante a transmissão da Rádio Jornal me chamou atenção: “A gente já não tem nem o que falar”.
Essa afirmação tão sincera expressou todo o sentimento de dor e humilhação da torcida tricolor e deu a sensação de comprovar cientificamente uma teoria.
O Santa Cruz é uma relação de amor e ódio, no qual se cria a esperança interna de que tudo vai melhorar, nutrida por uma fraqueza emocional que só aumenta sua decepção.
Quem sente dor física ou emocional em algum momento perde as forças e não consegue reagir.
Portanto, não existe “falta de indignação” com as derrotas. Na verdade, a ferida do clube permaneceu exposta.
Quando foi novamente magoada, o sangue escorreu mais forte. A segunda cicatriz nunca será igual a primeira. Sem tratamento, não há cura!
É a continuação de um filme já visto, com aquela continuação desnecessária e que serve apenas para que o sistema se sustente como o único possível dentro do mercado.
Como diz uma canção do filme ‘A Noiva Cadáver': “a morte virá, não importa o freguês”. Esse será o destino do Santa Cruz? Ou será que a Cobra Coral é uma fênix e consegue ressurgir? A única certeza é que nada no futebol nada é impossível!
O vexame do SANTA CRUZ
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