Abril chegou e, com ele, a preocupação das autoridades de saúde, e da população, sobre um possível aumento dos casos do novo coronavírus. Tanto o Ministério da Saúde, quanto a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) já falaram sobre a previsão para os próximos 30 dias, que deve contar com uma aceleração na quantidade de infectados pelo vírus em Pernambuco, e com o possível colapso no sistema de saúde, segundo o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta. Diante do panorama, a indicação é continuar seguindo as recomendações de isolamento social e higienização das mãos.
De acordo com o último boletim divulgado pela SES-PE, o Estado tem 87 casos confirmados de covid-19, com 14 pessoas curadas e seis óbitos. Na última quinta-feira (26), o secretário de saúde do Estado, André Longo, comentou sobre a preocupação com o possível avanço da covid-19 nos próximos dias. "Temos conversado com diversos especialistas que têm feito modelos matemáticos adaptados à realidade de Pernambuco. Se medidas não continuarem sendo adotadas, como o isolamento social, a perspectiva é de aumento de casos do covid-19 nos primeiros dias de abril no Estado. É certo que o ápice da curva da epidemia vai chegar, e a gente quer retardá-lo", disse.
Também no mês de março, o ministro da saúde demonstrou preocupação com um possível colapso do sistema de saúde brasileiro, ocasionado pela pandemia. "Claramente, em final de abril, nosso sistema de saúde entra em colapso. Colapso é quando você tem dinheiro, mas não tem onde entrar (nos hospitais)", explicou. Mandetta falou sobre os esforços para evitar que o quadro venha a ocorrer. "A gente está modelando para ver se trabalhamos com algumas interrupções, segurando o máximo dos idosos, que são quem leva ao colapso do sistema", completou. Na ocasião, ele ainda afirmou que o padrão de transmissão do vírus é "muito competente".
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Segundo Filipe Prohaska, infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), referência em Pernambuco no tratamento do novo coronavírus, é difícil fazer uma previsão, mas o afrouxamento no isolamento social da população pode ocasionar esse crescimento dos casos. "A praia tem mais pessoas, a rua está com mais carros. O isolamento tem sido quebrado pela população. Esse contato maior entre as pessoas deve fazer com que haja um aumento de casos". Prohaska elogiou a preparação das prefeituras e do Estado, com a expansão no número de leitos para atender os pacientes com o novo coronavírus.
"A nossa grande preocupação era sobre a preparação. Ela vem sendo realizada de forma efetiva, com a expansão no número de leitos de enfermaria e UTI. Isso vai ser bem importante para a demanda inicial, o que seria impossível há um mês, quando ainda não tínhamos esse esforço. Ninguém pode dizer que estamos prontos, mas a gente se adaptou para enfrentar e agora estamos muito melhor", relata.
Prohaska destaca a importância de manter os cuidados que já vêm sendo alertados desde o início da pandemia: lavagem adequada das mãos, lembrando dos espaços entre os dedos, da parte de trás da mão, do dedão e das pontas dos dedos. Outra medida é fazer a higienização das mãos após entrar em contato com superfícies fora do ambiente domiciliar. "Caso ande de transporte público, assim que sair, ter um álcool em gel para fazer a higienização. Muita gente se preocupa com a transmissibilidade pelo ar e esquece da transmissão pelas mãos", reforçou.
Na semana passada, um grupo de pesquisadores brasileiros da Universidade de Brasília, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo fizeram um levantamento que mostra a possibilidade de o novo coronavírus estar se propagando mais rapidamente do que se projetava há 20 dias em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. As três cidades atuariam como eixos de disseminação da infecção. Em nota técnica, os pesquisadores alertaram que capitais como Recife e Salvador têm grande probabilidade de acumular casos graves em curto período.
Filipe Prohaska explica que os especialistas devem ter, em breve, os resultados da China, já que o país começou a sair das medidas de restrição. O infectologista comenta que em pandemias anteriores, é possível perceber duas ondas de crescimento dos casos. "Temos uma inicial e uma que viria posteriormente. A gente ainda está no início desta primeira onda, que está crescendo. Ainda não tem como saber como será", finaliza.
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