O Ministério da Saúde decidiu incluir, nessa quinta-feira (9), as grávidas em qualquer idade gestacional e puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal) no grupo de risco do novo coronavírus. Em Pernambuco, foi confirmado um caso em gestante. A vítima não resistiu às complicações da doença e faleceu no dia 5 de abril. Segundo o médico obstetra Carlos Reinaldo, não há nenhuma evidência científica que indique a inclusão das gestantes e puérperas no grupo de risco, mas a decisão foi necessária.
"Isso é uma decisão política, ela não é baseada em evidencias cientificas, mas que eu concordo e acho muito acertada porque daqui que a gente venha a construir evidências científicas sobre isso, pode ser tarde demais. Se a gente não sabe uma coisa, vamos protegê-las", comentou. Ele explicou ainda que o protocolo de atendimento para esse grupo é o mesmo que o realizado nas outras pessoas, mas, caso o estado de saúde da grávida se agrave, é indicado interromper a gestação.
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"O protocolo é o mesmo. Mas caso ela (a gestante) entre na fase crítica, que é a que precisa de entubação, etc, aí existe a indicação de interromper a gravidez", explicou.
O médico ainda fez um apelo para as pessoas permanecerem isoladas. "Minha orientação é a de ficar em casa. Adiar tudo o que for adiável. O exemplo mais importante é a questão do ultrassom nesse momento. Ultrassom é uma coisa secundária nesse momento. Esqueça isso. Nós temos que pensar primeiramente na saúde, no risco de contrair a covid. O risco nessas próximas duas semanas é muito alto", disse. O obstetra explicou que há dois ultrassons que podem ser adiados nesse momento: o morfológico, realizado entre 20 e 24 semanas da gestação, e a translucência nucal, entre 11 e 14 semanas.
Segundo o Ministério da Saúde, estão no grupo de risco:
- Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal);
- Adultos com 60 anos ou mais;
- Crianças com menos de 5 anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em menos de 2 anos, especialmente as menores de 6 meses com maior taxa de mortalidade);
- População indígena aldeada ou com dificuldade de acesso;
- Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado de ácido acetisalicílico (risco de síndrome de Reye);
- Pacientes com tuberculose de todas as formas;
- Cardiovasculopatias (incluindo hipertensão arterial sistêmica);
- Nefropatias;
- Hepatopatias;
- Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
- Distúrbios metabólicos;
- Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração;
- Imunossupressão associada a medicamentos (corticoide, quimioterápicos, inibidores de TNF-alfa), neoplasias, HIV/aids ou outros;
- Obesidade.
No dia 5 de abril, uma fisioterapeuta de 33 anos foi vítima da covid-19 em Pernambuco. A informação foi confirmada pelo Hospital Unimed Recife na segunda-feira (6). O bebê foi retirado com vida em procedimento cesariano na madrugada do sábado (4), com 32 semanas. Segundo informações repassadas ao JC no dia 6 de abril, o bebê estava em estado grave e entubado, mas evoluindo bem, e o resultado para covid-19 ainda não foi informado.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.