O Hospital Unimed-Rio nega que um paciente com as características descritas em um tuíte que viralizou nas redes sociais tenha sido tratado na instituição. O paciente seria um homem chamado Antonio Carlos, de 67 anos, primo do autor do tuíte, e que teria sido curado da covid-19 com o uso do medicamento cloroquina no hospital localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
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O autor do post afirma que tinha acabado de sair do Hospital Unimed da Barra, onde o “primo Antonio Carlos de 67 anos”, detectado há 16 dias com covid-19, havia sido curado após tratamento com cloroquina.
A mensagem viralizou e foi copiada por uma série de perfis no Twitter e também no Facebook. Muitas pessoas reuniram os posts de diferentes contas das redes sociais para ironizar a quantidade de primos que Antonio Carlos possuiria.
Alguns perfis perguntaram ao autor do post original se ele tinha parentesco com outras pessoas que publicaram o mesmo post, dizendo ser primas de “Antonio Carlos”.
O Comprova verificou a veracidade do conteúdo publicado no Twitter pelo perfil @marcelloneves72 no dia 7 de abril. O perfil tinha 45 mil seguidores na tarde do dia 9 de abril.
Nesta quarta-feira, 8 de abril, Marcello voltou a afirmar, em resposta a uma publicação do presidente Jair Bolsonaro no Twitter a respeito do uso de hidroxicloroquina, que seu primo havia sido curado pelo medicamento.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
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Para verificar o conteúdo da mensagem, o Comprova entrou em contato com a Unimed-Rio. Por email, a Instituição informou desconhecer “o referido atendimento ao paciente Antonio Carlos, de 67 anos, diagnosticado com a covid-19”. Questionada se algum paciente tinha sido curado ou tratado com cloroquina na unidade, a Unimed-Rio disse que “segue todas as orientações do Ministério da Saúde para o tratamento dos casos suspeitos ou confirmados da doença”.
O Comprova também tentou falar com Marcello Neves para saber sobre o “primo Antonio Carlos”. A equipe encaminhou mensagens pelo Twitter, que não foram respondidas. Logo em seguida, Marcello restringiu o acesso à sua conta na rede social.
A cloroquina tem sido alvo de debate no país para o tratamento da covid-19. O presidente Jair Bolsonaro tem tratado o medicamento como uma possibilidade de cura da doença e incentivado o uso pelos médicos para acabar com o isolamento social.
A substância, juntamente com a hidroxicloroquina, tem sido administrada em pacientes infectados pelo novo coronavírus por instituições brasileiras e internacionais, mas ainda não há elementos científicos suficientes que assegurem a sua eficácia. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem alertado para os efeitos colaterais do uso indiscriminado do medicamento, como arritmia cardíaca.
A mensagem publicada no Twitter tinha 12,5 mil curtidas e 3,7 mil retuítes na tarde da quinta-feira, 9 de abril.
A verificação desse conteúdo também foi feita pelo site Catraca Livre.