Agressões a profissionais de imprensa durante manifestação realizada em Brasília, no último domingo (3), que pedia o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, vão ser apuradas pelo Ministério Público do Distrito Federal, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
O ato de cunho antidemocrático teve a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que até cumprimentou apoiadores.
Como não há pessoas com foro privilegiado envolvidas nas agressões, o chefe do Ministério Público Federal enviou ofício ao MP do Distrito Federal por entender que não cabe uma investigação da PGR.
"Tais eventos, no entender deste procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito", diz Aras.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do jornal O Estado de S.Paulo que acompanhavam uma manifestação pró-governo. O fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa quando foi agredido.
Sampaio usava uma pequena escada para fazer o registro das imagens quando foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. O motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de reportagem também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como "fora Estadão".
Os dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma área segura e procuraram o apoio da Polícia Militar. Eles deixaram o local escoltados pela PM. Os profissionais passam bem. Os repórteres Júlia Lindner e André Borges, que também acompanham a manifestação para o Estadão, foram insultados, mas sem agressões físicas.