Estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, nessa terça-feira (27), aponta uma associação entre baixos níveis de vitamina D e a Covid-19, ao observar que 80% dos pacientes com a doença em um hospital na Espanha apresentaram deficiência do hormônio. Os resultados da pesquisa, feita por membros da Universidade de Cantábria e do Hospital Marqués de Valdecilla, em Santander, Espanha, sugerem que identificar deficiência de vitamina D em pacientes com o novo coronavírus pode ajudar a melhorar o prognóstico. As informações são da Revista Veja.
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Importante deixar claro que os autores da pesquisa explicam que conseguiram demonstrar uma associação entre a presença da vitamina D e a covid-19, mas não uma causalidade. Assim, não é possível constatar de que a deficiência de vitamina D leva ao adoecimento ou que o reforço do hormônio possa proteger contra a doença. No entanto, níveis mais baixos de vitamina D já tendem a ser mais frequentemente encontrados em idosos e pessoas com doenças crônicas como hipertensão, diabetes e câncer, que já são também fatores de risco para a doença.
Os baixos níveis do hormônio foram mais percebidos em um grupo de 216 pacientes internados com a doença em um hospital na Espanha na comparação com 197 pessoas fora do hospital, que não tinham registro da doença. A deficiência de vitamina D foi constatada entre 82,2% das pessoas hospitalizadas, contra 47,2% no grupo externo.
Entre as pessoas hospitalizadas, as com baixos níveis de vitamina D mostraram um percentual maior de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do que pessoas com níveis satisfatórios de vitamina D (20 ng/ml): 26,6% contra 12,8%. O tempo no hospital também foi maior, de 12 dias contra 8 dias. Entretanto, em relação à mortalidade por Covid-19, a diferença não se mostrou significativa.
Segundo o estudo, os hospitalizados com covid-19 analisados e com baixos níveis de vitamina D tinham maior probabilidade de terem também doenças crônicas. “Portanto, os níveis de vitamina D devem ser interpretados com cautela, uma vez que a população sob risco de uma infecção pelo (vírus) Sars-CoV-2 grave é provavelmente a mesma sob risco de deficiência de vitamina D”, diz o artigo.
A deficiência do hormônio é considerada comum no Brasil e no mundo. A vitamina D já presente no nosso corpo é ativada na exposição a o sol, mas pode ser adquirida também através da alimentação. Há também a possibilidade de suplementação, mas associações médicas só recomendam isto para pessoas com condições específicas — idosos com mais de 60 anos; gestantes e lactantes; pessoas com osteoporose; pessoas com as chamadas doenças osteometabólicas, como raquitismo; entre outras.
Baixos níveis da vitamina C já foram ligados a outras doenças virais, como influenza, HIV e hepatite C, por isso, esta associação está em pleno estudo no campo científico. Pesquisadores de todo o mundo também buscam entender o papel da vitamina D no sistema imunológico, já que receptores do hormônio são encontrados nas células de defesa.
Para os cientistas, os resultados do estudo indicam que o reforço de vitamina D pode ser importante para grupos sob risco da doença. No entanto, os autores destacam que os resultados do estudo se limitam a um hospital, o Marqués de Valdecilla, não podendo ser generalizados para outros países, contextos e grupos étnicos.
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