VÍRUS

Especialistas explicam as diferenças entre os tipos de testes da covid-19

Os testes mais comuns são o de biologia molecular, imunológicos, e pesquisa de antígeno

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Do jornal O Povo para a Rede Nordeste

Publicado em 24/03/2021 às 16:04 | Atualizado em 24/03/2021 às 16:23
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Fortaleza já realizou cerca de 540 mil testes para o monitoramento do coronavírus. Desse total, 359.930 foram feitos do tipo RT-PCR e 119.490 foram testes sorológicos. Os dados são do IntegraSUS.

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O médico imunologista e patologista clínico, Tadeu Sobreira, afirma que as testagens servem como fatores de controle epidemiológico. “As testagens são de extrema importância pois servem para mapear o vírus". Para ele, a testagem é o melhor caminho para perceber a dimensão da pandemia e a dispersão das variantes.

Segundo o médico, as diferentes funções de cada teste podem ser entendidas didaticamente da seguinte forma: “RT-PCR é usado para detecção de RNA, e os testes Imunológicos detectam Antígenos. Ambos podem auxiliar no diagnóstico de infecção aguda e responder a pergunta ‘Estou infectado por Covid-19? A diferença entre eles está no rigor do resultado, sendo o RT-PCR considerado o padrão Ouro, mas os novos testes de detecção de Antígeno também tem alto rigor.

Já o segundo grupo, da sorologia, também detectado por métodos imunológicos, ajuda a responder a pergunta: ‘Eu tive infecção por Covid-19?’".

A professora Elisângela Teixeira, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, explica as particularidades de cada teste e o período correto para se realizar a avaliação. De acordo com a professora, os tipos de testes mais comuns são:

Teste de biologia molecular (RT-PCR e RT-LAMP)

Este permite identificar a presença do material genético (RNA) do vírus SARS-CoV-2 (vírus da Covid-19) em amostras de secreção respiratória.

O RT-PCR é conhecido como “padrão ouro”. Ele é recomendado para a detecção da infecção pelo coronavírus na fase ativa da doença, quando o paciente apresenta sintomas como febre, tosse e dificuldade para respirar. As amostras são coletadas por meio de swab (cotonete) da nasofaringe (nariz) até o oitavo dia considerando o início dos sintomas.

Outro teste de biologia molecular é o RT-LAMP, responsável por identificar a presença do SARS-CoV-2 em amostras de saliva durante o período de infecção ativa do vírus. O protocolo é mais simples e rápido do que o RT-PCR e é uma alternativa à metodologia de RT-qPCR.

Testes imunológicos

Chamados de sorologia, estes identificam a resposta imunológica, a produção de anticorpos. São feitos a partir da segunda semana, quando a quantidade de vírus tende a diminuir e o indivíduo consegue produzir anticorpos contra o vírus, principalmente das classes IgG e IgM.

Algumas considerações para os casos:

Sintomáticos - é indicado na fase de recuperação da doença, com coleta da amostra recomendada a partir do oitavo dia de início dos sintomas, por meio de coleta de sangue.

Assintomáticos - é indicado para os contatos domiciliares e próximos de casos confirmados. O objetivo é identificar casos assintomáticos e evitar a transmissibilidade da doença.

Pesquisa de antígeno

Serve para detectar a presença de um antígeno do vírus, o que implica infecção viral na fase aguda da doença. Antígeno é uma partícula ou substância estranha ao organismo que desencadeia a produção de anticorpos; no caso o vírus é um antígeno.

O procedimento é indicado do primeiro ao sétimo dia após início dos sintomas. O teste é feito a partir de amostras de esfregaço nasofaríngeo ou nasal e os resultados são liberados em aproximadamente 15 minutos.

Controle epidemiológico

Para o médico Tadeu Sobreira, a rápida disponibilidade de testes laboratoriais confiáveis foi um passo importante no auxílio ao diagnóstico e no esclarecimento de informações epidemiológicas, tendo como alvo o combate à epidemia e o tratamento dos pacientes.

O médico menciona uma baixa nos insumos e comenta que umas das formas de controlar as mutações do vírus seria através de testagens em massa e uma assistência maior para a população pobre ou em situação de vulnerabilidade.

“O Estado não tem como testar a todos. A população mais pobre, muitas vezes, não pode pagar pelos testes, ou fica entre pagar pelo teste de Covid-19 ou comprar os medicamentos para tratar da doença e cuidar da família”, conclui Tadeu.

Para a professora Elisângela, no cenário da pandemia, os testes sorológicos da Covid-19, por qualquer um dos métodos citados, contribuem com a identificação da imunidade comunitária desenvolvida. “Sendo crucial para auxiliar os gestores na tomada de decisões de inteligência epidemiológica”, conclui.

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