PANDEMIA

Por que a vacinação em adolescentes foi suspensa? Veja quais países vacinam adolescentes e o que dizem estudos e a OMS

No Brasil, a vacina da Pfizer nesta faixa etária já havia sido autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

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Julianna Valença

Publicado em 16/09/2021 às 17:00 | Atualizado em 16/09/2021 às 19:16
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Na noite dessa quarta-feira (15), o Ministério da Saúde retirou os adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de grupos cuja vacinação contra a covid-19 é recomendada, indo na contramão do movimento internacional. Alguns países do mundo já começaram a imunizar os adolescentes desde dados comprovaram a eficiência de imunizantes no grupo de 12 a 17 anos, em maio. No Brasil, a vacina da Pfizer nesta faixa etária já havia sido autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Brasil suspende vacinação 

O Ministério da Saúde elencou seis pontos para justificar a decisão, e em um deles diz que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes com ou sem comorbidades. No entanto, a OMS não se opõe à imunização desta faixa etária.

O documento do ministério, assinado por Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, afirma que a maioria dos adolescentes sem comorbidades são assintomáticos ou apresentam poucos sintomas. No entanto, especialistas dizem que vacinar os mais jovens é uma estratégia importante para frear a transmissão do vírus.

Outro trecho da nota do ministério diz que "os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos". A vacina da Pfizer, único imunizante autorizado no Brasil para uso em adolescentes, já foi amplamente testada nessa faixa etária. Outros países como Estados Unidos, Chile, Canadá, França e Israel também usam a Pfizer em adolescentes.

Rosana Leite de Melo assumiu a pasta de Enfrentamento à Covid-19 após a saída de Luana Araújo, que ficou poucos dias no cargo. Ela era defensora da vacinação em massa, crítica do uso da cloroquina (remédio sem eficácia contra o coronavírus) e chegou a falar em pressão política do governo Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira, 15, o ministro Marcelo Queiroga afirmou que há "excesso de vacinas" no Brasil, após uma série de Estados enfrentarem crise de abastecimento do imunizante da AstraZeneca.

Organização Mundial da Saúde

Na página da OMS, o órgão enfatiza que a prioridade vacinal deve ser de adultos, por estudos comprovarem que o grupo tem risco maior de desenvolver covid-19. Mas não há proibição na aplicação para os mais jovens. o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas da OMS (SAGE) também concluiu que a vacina da Pfizer / BionTech é adequada para uso por pessoas com 12 anos ou mais.

Países vacinam crianças e adolescentes

O Canadá e os Estados Unidos foram os primeiros países a começarem a aplicação do imunizante em crianças e adolescentes em maio - mês em que a Pfizer foi aprovada para aplicação no grupo. Além dessas, outras nações também aplicaram as vacinas, sendo elas: Chile, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Israel, Espanha, China, Japão, Cingapura, Hong Kong.

Anvisa se pronuncia

Após o Ministério da Saúde retirar nesta quinta-feira adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de grupos cuja vacinação contra a covid-19 é recomendada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu nota informando que mantém a orientação de imunizar a faixa etária com a Comirnaty, vacina desenvolvida pela Pfizer. Segundo o órgão, até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina.

Ao justificar a decisão da Saúde, o ministro Marcelo Queiroga disse que foram identificados 1,5 mil eventos adversos em adolescentes imunizados. Todos eles foram de grau leve. Foi notificado um caso de morte de um jovem em São Paulo, mas o episódio ainda está sendo investigado para avaliar se a causa foi o imunizante. 

Anvisa vai investigar morte

A Anvisa afirmou que vai investigar a morte de uma adolescente de 16 anos após aplicação da Pfizer, caso citado pelo ministro, mas, no momento, "não há uma relação causal definida entre este caso e a administração da vacina".

"A Anvisa já iniciou avaliação e a comunicação com outras autoridades públicas e adotará todas as ações necessárias para a rápida conclusão da investigação. Entretanto, com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina", diz a agência.

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