caso von richthofen

Depoimento: veja o que Andreas von Richthofen disse ao juiz em julgamento que condenou Suzane em 2006

Em 18 de julho de 2006, um jovem alto, magro, com visual de roqueiro compareceu ao Fórum Barra Funda, em São Paulo. Era Andreas von Richthofen, que foi até o local para prestar depoimento sobre o crime que mudou totalmente a sua vida quatro anos antes: os assassinatos de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen

Imagem do autor Imagem do autor
Cadastrado por

Bruna Oliveira, Giovanna Torreão

Publicado em 29/09/2021 às 15:15 | Atualizado em 30/09/2021 às 0:10
Notícia
X

Em 18 de julho de 2006, um jovem alto, magro, com visual de roqueiro compareceu ao Fórum Barra Funda, em São Paulo. Era Andreas von Richthofen, que foi até o local para prestar depoimento sobre o crime que mudou totalmente a sua vida quatro anos antes: os assassinatos de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, articulado pela sua única irmã, Suzane. O caso voltou à tona após os lançamentos dos filmes "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais". Veja o que disse Andreas no julgamento que condenou Suzane e os irmãos Cravinhos.

Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, publicada no dia seguinte ao depoimento do jovem, o rapaz desmentiu a irmã ao dizer que ela não aparentava estar drogada na noite do crime e que a arma encontrada em um urso de pelúcia era mesmo de Suzane. Foi a primeira vez que Andreas deu sua versão sobre os fatos.

@tvjornalsbt

Fortuna, descoberta e quem eram os pais! Veja detalhes do caso Von Richthofen. #tiktoknoticias #família #casosuzanevonrichthofen

? Stories 2 - Danilo Stankovic

Na ocasião, o jovem pediu para prestar depoimento sem a presença de Suzane, Daniel e Cristian Cravinhos, pessoas de quem era próximo na época dos assassinatos dos pais. Andreas disse não acreditar no arrependimento de Suzane e que não a perdoava. Além disso, ele afastou a hipótese de que a irmã abriria mão da herança dos pais e até chegou a rir quando o advogado de defesa de Suzane disse que ela assinaria um documento desistindo de sua parte da fortuna.

Os direitos sobre o patrimônio da família ocuparam boa parte do depoimento de Andreas, que relatou que a irmã, mesmo presa, fez "uma palhaçada", obrigando à contagem de tudo o que havia na casa da família: "talheres, louças, sofás, camas". 

Avaliada em cerca de R$ 11 milhões, a fortuna da família von Richthofen ficou submetida à análise da justiça. Em 2011, após o julgamento de Suzane, que ocorreu em 2006, foi decidido que a jovem era indigna de receber o patrimônio. A decisão foi oficializada em 2015.

>> Onde está o irmão de Suzane? Saiba o que que aconteceu com Andreas von Richthofen

>> Chega ao fim namoro de Suzane von Richthofen e Rogério Olberg, diz revista

 

O que que aconteceu com Andreas von Richthofen depois?

Desde a morte trágica de Manfred e Marísia, Andreas passou a viver recluso, sob a tutela da avó, Lourdes Maganani Abdalla e o do tio, Miguel Abdalla Neto. O jovem passou a estudar em uma das melhores escolas de São Paulo e era muito protegido pela família.  A avó do rapaz faleceu quatro anos depois dos assassinatos.

Em 2005, Andreas foi aprovado no vestibular para o curso de farmácia e bioquímica da Universidade de São Paulo (USP) em terceiro lugar. O rapaz também passou em outras quatro faculdades, mas optou por estudar na USP, onde era visto como um aluno excelente.

Após concluir a graduação, o filho do casal von Richthofen foi aprovado para o doutorado na Faculdade de Química, também da USP. Com isso, Andreas passou a viajar para eventos de divulgação de trabalhos desenvolvidos na instituição.

>> Chega ao fim namoro de Suzane von Richthofen e Rogério Olberg, diz revista

>> Quem ficou com a fortuna dos von Richthofen? Veja a resposta dessa e de outras perguntas sobre o caso

Em 2015, 12 anos após o crime, Andreas von Richthofen se pronunciou publicamente pela primeira vez e única vez sobre o crime arquitetado pela irmã Suzane. O rapaz concedeu uma entrevista e divulgou uma carta à Rádio Estadão. Nela, ele diz que o assassinato cometido pela irmã "é nojento" e defende a memória do pai de uma acusação feita pelo procurador de Justiça Nadir de Campos Junior de que o ex-funcionário da Dersa S/A mantinha contas no exterior.

Reprodução
Andreas von Richthofen, Suzane e os pais - Reprodução

Carta

A carta começa cumprimentando o trabalho do procurador na condenação do trio. "É em nome do excelente trabalho do qual o Sr. participou, ao condenar a minha irmã Suzane Louise von Richthofen e aos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, e também de toda sua história na justiça brasileira que me sinto compelido a abordá-lo", diz trecho da carta.

"Escrevo-lhe esta mensagem por vias igualmente públicas às quais o Sr. se vale para comentar o caso da minha família. Entendo que sua raiva e indignação para com estes três assassinos seja imensa e muito da sociedade compartilha esse sentimento. E eu também. É nojento", escreve.

Em seguida, ao se dirigir ao promotor, ele pede provas das acusações. "Encare da perspectiva existencialista. No entanto observo que o Sr. faz diversos apontamentos referindo a um suposto esquema de corrupção, do qual meu pai, Manfred Albert von Richthofen, teria participado e cujos resultados seriam contas no exterior em enormes montantes. Gostaria que o Sr. esclarecesse essa situação: se há contas no exterior, que o Sr. apresente as provas, mostre quais são e aonde estão, pois eu também quero saber e entendo que sua posição e prestígio o capacitam plenamente para tal", considera.

"Mas que se isso não passar de boatos maliciosos e não existirem provas, que o Sr. se retrate e se cale a esse respeito, para não permitir que a baixeza e crueldade deste crime manche erroneamente a reputação de pessoas que nem aqui mais estão para se defender, meus pais Manfred Albert e Marísia von Richthofen", completa a carta.

Detido por pular muro de residência

Apesar da promissora vida acadêmica, o trauma fez com que Andreas se entregasse ao consumo de álcool e drogas. Em 2017, aos 29 anos, ele foi abordado por policiais após pular o muro de uma residência em São Paulo. Na ocasião, o jovem dizia frases desconexas e parecia assustado. Quando questionado sobre quem ele era teria respondido  “não queiram saber da minha vida.”

Divulgação
Andreas von Richthofen - Divulgação

Andreas só foi reconhecido como o irmão de Suzane no Hospital Municipal do Campo Limpo, para o qual foi levado. O rapaz estava com a roupa rasgada e possuía escoriações e ferimentos pelo corpo, provavelmente advindas da ação de pular o muro da residência. Ele carregava consigo uma caixa de joias que continha uma medalha cunhada com o sobrenome von Richthofen.

No mesmo dia, Miguel Abdalla foi à unidade de saúde para receber os pertences do sobrinho, mas o jovem havia sido transferido para a clínica São João de Deus, especializada na recuperação de usuários de drogas e conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS). Andreas assumiu fazer uso de álcool e maconha, mas afirmou que, naquele dia, não havia consumido nenhuma das substâncias recentemente.

* Quando você compra por meio de links em nosso site, podemos receber comissão de afiliado.

Tags

Autor