Os corpos das duas últimas vítimas desaparecidas no desmoronamento de um bloco de pedras no lago de Furnas, em Capitólio (MG), foram encontrados na tarde deste domingo (9), informou o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Segundo a corporação, a tragédia deixou um saldo de dez mortos e pelo menos 32 feridos.
O oitavo corpo havia sido resgatado de manhã. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal de Passos (MG), onde estão sendo identificados com a ajuda de papiloscopistas enviados pela Superintendência da Polícia Federal em Belo Horizonte.
Os trabalhos de busca tinham recomeçado às 5h deste domingo (9) e envolveram cerca de 50 pessoas, entre bombeiros e militares da Marinha. Ao todo, 11 mergulhadores do Corpo de Bombeiros atuaram na operação.
A Marinha do Brasil empregou sete embarcações – quatro lanchas e três motos aquáticas. Ao todo, 30 militares trabalharam na operação: 20 no local do desastre e 10 no centro de coordenação montado no município de São João Batista do Glória, perto de Capitólio.
As operações haviam sido interrompidas às 19h de ontem (8) por falta de visibilidade. O desabamento ocorreu por volta das 12h30 desse sábado, quando um grande bloco de pedra se desprendeu do cânion do Lago de Furnas e caiu sobre pelo menos três lanchas. Duas embarcações afundaram.
Em relação aos feridos, a maioria sofreu ferimentos leves, mas pelo menos duas pessoas tiveram fraturas expostas e passaram por cirurgias em hospitais da região. Vídeos nas redes sociais mostraram o momento do desabamento, no principal ponto turístico do passeio de lancha, com duas cachoeiras na entrada do cânion.
Erosão natural e chuva, possíveis causas
As causas do acidente ainda estão sendo investigadas, mas as fortes chuvas que caíram nos últimos dias no sudeste do Brasil favoreceram o desprendimento, segundo os bombeiros e especialistas.
A região do Capitólio, a 300 km da capital Belo Horizonte, atrai muitos turistas brasileiros com seus paredões rochosos e cachoeiras que circundam as águas verdes do Lago de Furnas, formado pela hidrelétrica de mesmo nome.
“A natureza peculiar desse lugar, todo o atrativo turístico que a paisagem proporciona, com essa barragem que forma o enorme lago, com muitas cachoeiras e quedas d'água no entorno, é justamente criada pela erosão do relevo continental. E esse é um processo natural e constante", explicou à AFP o geógrafo Eduardo Bulhões, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Soma-se a essa erosão natural as chuvas intensas, que provocam deslizamentos como o ocorrido no sábado, chamados de "movimentos de massa".
"Dezembro e janeiro são os meses com mais chuva em Capitólio e, consequentemente, os meses com maior potencial de movimentos de massa", afirmou Bulhões.
Para evitar mais acidentes, seria aconselhável "limitar a área recreativa, afastando os passeios dos paredões e quedas d’água" na temporada de maior risco, concluiu o especialista.