Os quiosques Biruta e Tropicalia, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde o congolês Moïse Kabagambe foi espancado até a morte no dia 24 de janeiro, serão transformados em um memorial em homenagem à cultura do Congo e da África. A informação foi divulgada neste sábado (5) pela Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Fazenda, mesmo dia em que são realizados atos cobrando justiça para Moïse, além de lutar contra o racismo e a xenofobia.
No Rio, a manifestação começou por volta das 10h em frente aos quiosques, com grupos de pessoas que chegaram em ônibus. Um carro de som foi utilizado para dar maior visibilidade ao protesto. Além da capital carioca, outras nove capitais programaram mobilizações: Recife (PE), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Natal (RN), São Luís (MA), Curitiba (PR) e Palmas (TO).
De acordo com o secretário de Fazenda do Rio, Pedro Paulo, a gestão de um dos quiosques foi oferecida à família de Moïse, que deve dar uma resposta à prefeitura nos próximos dias. Além disso, as oportunidades de emprego ligadas aos estabelecimentos deverão ser destinadas a refugiados africanos que moram no Rio. O objetivo, de acordo com ele, é promover a integração social e econômica dos refugiados e reafirmar o compromisso da cidade com a promoção de oportunidades para todos.
A prefeitura informou que, durante a investigação do crime, o contrato de concessão com os atuais operadores dos quiosques está suspenso. "Caso se comprove que eles não têm qualquer envolvimento no crime, a Orla Rio discutirá a transferência para outro espaço. Caso contrário, o contrato será cancelado", disse.
Entre as mudanças previstas para os quiosques está a reformulação da arquitetura para que se transformem em um espaço de celebração da cultura do povo africano, com comida típica, música e artesanato locais. O espaço também poderá ser utilizado para exposição de arte e apresentações musicais.
Entretanto, ainda de acordo com a gestão municipal, não há prazo para execução do projeto em homenagem a Kabagambe.
Morte brutal
Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi espancado até a morte no dia 24 de janeiro no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca. Natural do Congo, ele morava no Brasil desde 2014. De acordo com os parentes, ele trabalhava como garçom em um dos quiosques e foi morto após ir ao local cobrar duas diárias que não havia recebido.
Entretanto, o proprietário do estabelecimento não estava lá e uma discussão teria iniciado entre Moïse e um homem. Uma câmera de segurança registrou quando o congolês tentou abrir uma geladeira para pegar algo, e foi impedido. Foi quando a confusão virou briga. Moïse foi derrubado e espancado, no chão, até não ter mais sinais de vida.
Três suspeitos de envolvimento no crime foram presos. Em audiência de custódia promovida na quinta-feira, a Justiça manteve a prisão temporária de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como Dezenove, de 28 anos, Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota, de 21 anos, e Fabio Pirineus da Silva, o Belo, de 41 anos. O caso segue sob investigação.