Desmatamento na Amazônia Legal caiu no último ano, mas subiu 60% com Bolsonaro

A Amazônia corresponde a 59% do território brasileiro, dividida entre nove estados
Lucas Moraes
Publicado em 30/11/2022 às 18:50
ESTUDO Quase metade da floresta incendiada foi desmatada até 2020 Foto: CARL DE SOUZA / AFP


AFP

A área desmatada na Amazônia Legal diminuiu 11% em 12 meses, até julho, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (30), que mostram, porém, um avanço total de 60% durante o governo de Jair Bolsonaro.

Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram desmatados 11.568 km² da floresta tropical, uma superfície equivalente ao território do Catar, de acordo com o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Isso representa uma queda de 11,3% com relação ao período de agosto de 2020 a julho de 2021, quando o Inpe detectou 13.083 km² desmatados, um recorde em 15 anos.

Mas ao considerar os últimos quatro anos, os dados revelam que durante o governo de Bolsonaro o desmatamento anual médio subiu 59,5% em comparação aos quatro anos anteriores. Também avançou 75,5% em relação à década anterior.

“O regime Bolsonaro foi uma máquina de destruir florestas (...) A única boa notícia do governo atual é o seu fim”, disse em um comunicado Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu Bolsonaro nas eleições de outubro, prometeu trabalhar para eliminar a destruição da Amazônia.

"A devastação continua fora de controle. Jair Bolsonaro deixará para seu sucessor uma herança maldita de desmatamento em alta e uma Amazônia conflagrada", acrescentou Astrini.

O ambientalista pediu que Lula - cujo legado no meio ambiente entre 2003 e 2010 foi objeto de críticas - adote uma política de "tolerância zero" com os crimes ambientais.

Lula, que participou da conferência do clima da ONU no Egito (COP27), prometeu aumentar as metas de redução de gases de efeito estufa acordadas pelo Brasil no Acordo de Paris, além de reativar o Fundo Amazônia, financiado internacionalmente, entre outras medidas ambientais.

Especialistas atribuem o desmatamento sobretudo à derrubada de árvores destinada a abrir espaço para pastos para a criação de gado ou cultivos agrícolas.

Bolsonaro é acusado por ambientalistas de ter enfraquecido os programas de proteção e promovido a destruição, com sua defesa do garimpo e da exploração econômica de áreas protegidas.

A Amazônia corresponde a 59% do território brasileiro, dividida entre nove estados. Sua preservação é considerada vital na luta contra as mudanças climáticas.

"A Amazônia [está] cada vez mais perto do seu ponto de não retorno", declarou em nota Mariana Napolitano, gerente de Ciências da WWF-Brasil.

"É essencial e viável reduzir significativamente as taxas de desmatamento até sua eliminação completa em 2030. Trata-se de um imperativo humanitário diante da dupla crise do clima e da perda em massa da biodiversidade global que a humanidade está enfrentando", afirmou.

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