PATRIMÔNIO

Quadro de Di Cavalcanti rasgado por bolsonaristas em Brasília vale R$ 8 milhões; veja o que mais foi destruído

Avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo do Palácio do Planalto

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 09/01/2023 às 14:48 | Atualizado em 09/01/2023 às 15:00
"As mulatas", de Di Cavalcanti, rasgada após ataque. Obra é a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto - REPRODUÇÃO

O quadro "As mulatas", obra de Di Cavalcanti que foi rasgada por bolsonaristas no Palácio do Planalto, é avaliada em R$ 8 milhões - podendo custar até cinco vezes mais em leilão. A obra foi uma das várias vandalizadas durante ataque golpista aos edifícios dos Três Poderes em Brasília nesse domingo (8).

Segundo o governo, ainda não é possível ter um levantamento minucioso de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo.

O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, diz que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas, mas estima como “muito difícil” a restauração do Relógio de Balthazar Martinot.

"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", comenta Carvalho.

"Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro."

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Nesta segunda-feira (9), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, informou ter recebido uma ligação Marlova Noleto, diretora e representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), colocando-se à disposição para contribuir com a reforma e recuperação das sedes dos Três Poderes e de tudo que foi depredado.

"Convoquei para a tarde de hoje (9) uma reunião com Maurício Goulart e demais técnicos do Iphan e já contamos também com a colaboração de um grupo de especialistas e restauradores de arte de todo o país", disse.

"É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis", continuou a ministra.

Por fim, a chefe da pasta afirmou: "Brasília é patrimônio histórico material e imaterial do Brasil e vamos trabalhar unidos para a reconstrução de tudo que foi violado."

Veja quais obras foram vandalizadas

No andar térreo:

No 2º andar:

O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias.

Contudo, o governo afirmou que o estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.

No 3º andar:

Na Câmara dos Deputados, no edifício do Congresso Nacional, o vitral "Araguaia", de Marianne Peretti, foi depredado. A obra fica no Salão Verde e é um dos principais símbolos do espaço. A base da escultura "Bailarina", do artista Victor Brecheret, que também estava na Câmara, não foi encontrada.

No Supremo Tribunal Federal (STF), uma réplica da Constituição de 1988 foi furtada por golpistas de onde estava exposta, no Salão Branco da Suprema Corte. O STF informou que o exemplar original está guardado no museu do órgão.

É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis.

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