Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo
Mais de 1.730 pessoas estão desalojadas e outras 766 continuam desabrigadas em todo Estado de São Paulo, vítimas das fortes chuvas que atingiram o litoral norte ao longo do fim de semana.
Até o momento, foram confirmados 36 óbitos, sendo 35 em São Sebastião e um em Ubatuba. As informações foram divulgadas no início da tarde desta segunda-feira (20), pelo governo do estado.
A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que 13 adultos e cinco crianças vítimas das chuvas são atendidas no Hospital Regional do Litoral Norte. Deste total, cinco estão em estado grave, 11 estáveis e dois receberam alta.
Cerca de 500 pessoas estão atuando na região, entre servidores das forças de segurança e resgate do Governo do Estado de São Paulo, das Forças Armadas, da Polícia Federal, da prefeitura municipal de São Sebastião e voluntários.
O Comando de Aviação da Polícia Militar e o Exército Brasileiro ampliaram para 14 o número de aeronaves destacadas aos trabalhos de resgate, salvamento e identificação das vítimas.
ONG VIROU HOSPITAL, ABRIGO E NECROTÉRIO
A sede da ONG Instituto Verdescola, que desenvolve projetos nas áreas de educação, meio ambiente e apoio social na Barra do Sahy, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, acabou se transformando, nesta segunda-feira, 20, em um misto de hospital de campanha, abrigo e necrotério.
Com a vila isolada pela queda de barreiras e pelo mau tempo, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil não conseguiam chegar nem por terra, nem pelo mar.
A ONG abriu sua sede, na entrada da vila, e tomou a dianteira no atendimento aos atingidos. Na manhã desta segunda-feira, ela atendia 81 pessoas desabrigadas com água, alimentos, cama e banho.
Os primeiros corpos das vítimas, resgatados dos escombros pelos próprios moradores, acabaram sendo levados para a unidade.
No início da tarde de domingo, 17 corpos estavam em salas da ONG, à espera de traslado. Alguns já tinham sido reconhecidos pelos familiares que foram até o local, mas a maior parte estava sem identificação. Mais tarde, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com a diretora Fernanda Carbonelli, muitas pessoas feridas passaram pelo primeiro atendimento ali.
"Colocamos nossos médicos, abrimos as portas para voluntários e mobilizamos todos os recursos possíveis para atender as pessoas que precisavam. As pessoas com ferimentos mais graves recebiam os primeiros socorros e ficavam esperando a chegada dos helicópteros."
Sem o suporte da ONG, até a chegada do transporte, muitas pessoas teriam o quadro agravado ou poderiam ter morrido.
TARCÍSIO DIZ QUE SUPRIMENTOS ESTÃO A CAMINHO
Após a tragédia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), junto a nove ministros, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicamos), viajaram até São Sebastião, comandada pelo prefeito Felipe Augusto (PSDB).
O governador destacou que o suprimento está chegando. "De comida, de colchões, as pessoas estão sendo alojadas nas escolas e em organizações não governamentais. E para doar a referência será o Fundo Social do estado de São Paulo".
Tarcísio de Freitas, também agradeceu a ajuda do governo federal e destacou as ações imediatas.
"Vamos receber, neste momento, suprimento de 30 mil litros de água potável para distribuir ao município, às escolas e aos hospitais. Com a cheia, algumas estações de tratamento de água pararam de operar. Neste momento, a Sabesp está fazendo a manutenção das bombas para voltar a produção de água. Temos aqui 30 caminhões-pipa em condição de fazer o suprimento de água potável".
LULA PROMETE CASAS EM SÃO SEBASTIÃO
O presidente da República afirmou que os governos estarão juntos para "recuperar de maneira muito forte" as cidades afetadas pelas chuvas.
De acordo com Lula, São Sebastião, onde foi registrado até agora o maior número de mortes, terá o auxílio do governo federal para a reconstrução de casas. O petista pediu que o prefeito da cidade localize um terreno "seguro" para que essas moradias possam ser erguidas à população que perdeu suas casas.
"Você vai ter certeza que a resolução de problemas para construção de casas para pessoas que perderam vai acontecer de verdade", disse o presidente, que destacou o ministro das Cidades, Jader Filho, para auxiliar na tarefa, destacando a importância de essas unidades não serem construídas em local suscetível a danos pelas chuvas.
PREFEITO PROMETE RECONSTRUÇÃO
Durante a entrevista, o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, falou sobre as dificuldades de atendimento, devido às características do município.
"A cidade tem mais de 100 km de extensão e pequenos bairros, com características de microcidades, que estavam literalmente ilhados pelos trechos da rodovia que começavam a entrar em colapso".
Informou que foram usadas as viaturas de suporte, apoio e o maquinário disponível na prefeitura para que alguns trechos fossem liberados até chegar a ajuda do estado.
Felipe Augusto citou as medidas que serão tomadas para a reconstrução. "Nessa reunião que tivemos agora, sob o comando do presidente da República, definimos ações e estratégias para a rápida reconstrução de unidades habitacionais junto com os ministérios da Integração Nacional e das Cidades."
Segundo o prefeito, o processo de reconstrução do município será lento em função dos estragos na rodovia que atingiram toda a extensão do município de São Sebastião.
Ele afirmou ainda que o foco é buscar vidas e que as ações serão voltadas à reconstrução, mas, em primeiro lugar, ao atendimento às vítimas e à busca de sobreviventes. "Todos os homens mobilizados neste momento são para buscar vidas, diversas áreas estão ainda cobertas. Graças à operação aérea, estamos conseguindo atender a todos os bairros".
O prefeito agradeceu a ajuda do governador Tarcísio de Freitas, da Defesa Civil Nacional e do presidente da República.
ESTRADAS INTERDITADAS EM SÃO PAULO
Neste momento, as rodovias Dr. Manoel Hyppólito Rego (SP-055), Km 174+500 e Km 157 ao 162 estão completamente interditadas.
Estão parcialmente interditadas a Rodovia Dr. Manoel Hyppólito Rego (SP-055), Km 061 – queda de barreira; Km 066 – queda de barreira; Km 084 – queda de árvore; Km 87– queda de barreira e árvores; Km 095 – alagamento; Km 95 ao 096 – queda de barreira; Km 116 – queda de barreira; Km 136 ao 142 – queda de barreira e árvores; Km 164 – queda de barreira; Km 180 – queda de árvore; Km 188 – erosão; Km 237 – queda de barreira.