Enem 2024: saiba dicas para tirar nota 1000 na redação

Para quem sonha em alcançar a nota máxima, é bom estar bem preparado, sobretudo, porque o tema da redação só é revelado na hora da prova.

Publicado em 01/11/2024 às 15:42 | Atualizado em 01/11/2024 às 15:56

A redação do Enem é uma das etapas mais temidas por candidatos de todo o Brasil. Além de ser essencial para a pontuação final, uma boa nota abre portas em diversas universidades e programas de bolsas.

Para quem sonha em alcançar a nota máxima, é bom estar bem preparado, sobretudo, porque o tema da redação só é revelado no momento da prova.

Para o Enem 2024, mais de 4,3 milhões de candidatos estão confirmados em 1.753 municípios de todos os estados e, no Distrito Federal, a encararem a tão temida redação e enfrentar os dois dias de prova.

Entenda o modelo de texto dissertativo-argumentativo

O Enem exige que os candidatos escrevam uma redação dissertativo-argumentativa, na qual é necessário apresentar um ponto de vista claro e sustentá-lo com argumentos sólidos. Para aprender esse modelo, é necessário escrever constantemente, para se acostumar, e seguir essa base:

  • Introdução: onde você apresenta o tema e sua tese.
  • Desenvolvimento: onde argumenta a favor da sua tese, com base em fatos e referências.
  • Conclusão: propondo uma intervenção ou solução para o problema discutido.

Em entrevista com a Agência Brasil, a professora Roberta Paim, disse que é importante focar nos erros e dificuldades recorrentes e relacionadas às demais áreas do conhecimento.

“Todo tempo dedicado à preparação é bem-vindo até chegar o dia da prova”. Segundo ela, é importante ter na ponta da língua os conteúdos que mais caem nas provas de forma certeira", afirmou.

Familiarize-se com os critérios de correção

A redação do Enem é avaliada em cinco competências, cada uma com uma pontuação máxima de 200 pontos. Saber o que cada competência exige pode ser a chave para evitar erros e obter uma nota elevada. As competências incluem:

  • Domínio da norma culta da língua.
  • Compreensão e desenvolvimento do tema.
  • Seleção e organização das ideias.
  • Argumentação e uso de repertório sociocultural.
  • Proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

Para isso, é importante estar atento a questões importantes e que estão em ascensão na sociedade, como problemas ambientais, tecnologia, política, guerra, educação, econômica e afins. Até porque, os temas da redação, geralmente, estão atreladas as atualidades.

Também em entrevista com a Agência Brasil, a professora Natália Rocha Marques, disse que é importante que os candidatos entendam diversos eixos temáticos.

“Além de saber quais são as apostas para este ano, é importante que estejam bem informados em diversos eixos, como saúde, educação, meio ambiente. E assim, com uma investigação mais ampla, independentemente do tema que caia, eles se sentirão bem seguros e poderão argumentar”, disse.

Pratique temas de anos anteriores

Treinar com temas anteriores ajuda a entender a abordagem exigida e a desenvolver a habilidade de propor intervenções.

Analise redações nota 1000 de anos passados para observar como elas estruturaram os argumentos e propuseram soluções.

No final do artigo vamos listar algumas redações nota 1000 do Enem 2023.

Desenvolva uma estrutura clara e objetiva

A clareza é um dos pontos principais na redação do Enem. Frases bem construídas e coesas facilitam o entendimento do corretor e tornam a argumentação mais impactante. Evite períodos muito longos e construções confusas.

Revise o texto com calma

Erros de ortografia, pontuação e concordância são comuns em uma primeira versão do texto. Reserve os minutos finais da prova para revisar sua redação. Ajustar esses detalhes pode fazer toda a diferença na nota.

Algumas redações nota mil do Enem 2023

Essa redação foi feita pelo candidato Lucas Malta, de Governador Valadares (MG), no Enem 2023. A fonte é o Inep.

A Constituição Federal de 1988, documento jurídico mais importante do país, garante o trabalho remunerado e a dignidade humana como direitos de todo cidadão brasileiro, além de estabelecer a igualdade entre os gêneros masculino e feminino na sociedade. Entretanto, nota-se que tal prerrogativa não tem se reverberado na prática, visto que ainda há uma invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, o qual, muitas vezes, não apresenta retorno financeiro. Portanto, faz-se necessária a análise dos principais fatores que contribuem para esse triste cenário: o machismo e o descaso estatal.

Em primeira análise, é importante destacar que a mulher ocupa uma posição subjugada na sociedade brasileira desde o período colonial, sendo encarregada dos afazeres domésticos e dos cuidados familiares. A partir desse contexto, após anos de inferiorização, as mulheres conquistaram diversos direitos sociopolíticos, como o direito ao voto e o trabalho remunerado. Todavia, mesmo com essas conquistas, ainda é notável que existe um machismo estrutural na sociedade contemporânea, já que, segundo o IBGE, as mulheres gastam o dobro de tempo com tarefas de cuidado, quando comparadas aos homens. Nesse sentido, por ser uma tradição enraizada na sociedade, o trabalho de cuidado realizado pela população feminina é ignorado por grande parte das pessoas.

Ademais, é imperioso ressaltar que a invisibilidade e a desvalorização desse tipo de trabalho resultam, em alguns casos, na falta de remuneração, o que contraria o direito estabelecido na Constituição. De acordo com o filósofo Nicolau Maquiagem, o principal objetivo do governante é a manutenção do poder, deixando em segundo plano a busca pelo bem comum. Assim, é evidente que o Estado não se preocupa com a garantia dos direitos das mulheres, o que reflete na ausência de políticas públicas que assegurem uma remuneração digna àquelas que trabalham. dessa forma, as mulheres se encontram desamparadas, ao mesmo tempo, pela sociedade e pelo governo.

Portanto, é necessário promover ações concretas, as quais alterem o quadro de invisibilidade do trabalho realizado pela população feminina. Logo, cabe às emissoras de TV, as quais são grandes formadoras de opinião da sociedade, realizar campanhas sobre a importância de lutar contra o machismo, por meio de anúncios publicitários, a fim de desconstruir ideias de subjugação presentes no Brasil contemporâneo. Além disso, o Governo Federal deve fiscalizar as relações de trabalho para garantir a remuneração feminina.

  • Essa próxima é da candidata Gabriela Gurgel, de Natal, no Rio Grande do Norte.

A filósofa contemporânea Hannah Arendt constata, por meio do conceito denominado “banalidade do mal”, a tendência existente nas sociedades no que tange à naturalização das mazelas presentes na coletividade. Nessa vertente, percebe-se que, na realidade brasileira atual, a proposição teórica mencionada se torna evidente, sobretudo quando são considerados os entraves para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres. Com efeito, hão de ser analisados os principais intensificadores da temática em questão: o machismo estrutural e a omissão estatal.

Diante desse cenário, a persistência de um ideário preconceituoso contra o público feminino potencializa a desvalorização de atividades relacionadas ao cuidado. Nesse viés, cabe citar que durante o Período Colonial, houve a estruturação da família brasileira com valores patriarcais, de modo a haver a restrição do papel social da mulher à reprodução e aos afazeres domésticos. No entanto, apesar do lapso temporal, tais convenções ainda estão presentes no território nacional, haja vista que, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres se dedicariam mais que o dobro de horas semanais, em 2019, em comparação aos homens, às tarefas de cuidado. Nessa linha de raciocínio, atividades desse tipo – que incluem o trabalho com crianças, idosos, e pessoas com deficiência, assim como as demandas domésticas – são comumente vistas como uma obrigação feminina, mas, lamentavelmente, recebem um grau inferior de reconhecimento e importância. Isso se torna ainda mais claro pelo fato de muitas tarefas dessa natureza serem mal pagas ou não remuneradas, o que é extremamente preocupante em um país como o Brasil – o qual apresenta, em sua Constituição Federal de 1988, o direito à igualdade laboral.

Ademais, é imperioso mostrar a postura inerte do Estado brasileiro quanto à tentativa de invisibilização que acomete a problemática. Sob tal ótica, o sociólogo polonês Zigmunt Bauman define como “Instituições Zumbi” aquelas entidades que mantêm suas estruturas vigentes, contudo não cumprem adequadamente seus papéis sociais. Nesse sentido, o aparato estatal nacional pode ser enquadrado na visão baumaniana, tendo em vista que o trabalho do cuidado colocado em prática pelas mulheres é decorrente, em muitos contextos, da intersecção das desigualdades socioeconômicas e étnicas. Dessa forma, enquanto não for combatida a conjuntura precária vivenciada por tantas meninas e mulheres, as quais se encontram, principalmente, em situação de pobreza e de vulnerabilidade, elas continuarão inseridas em um trabalho de cuidado sem o amparo estatal necessário.

Portanto, fazem-se urgentes medidas de enfrentamento aos impasses da temática supracitada. Assim, o Ministério do Trabalho e Emprego deve realizar um registro das principais áreas com presença do trabalho de cuidado. Tal iniciativa será efetivada por intermédio de profissionais do IBGE, os quais, em parceria com o Poder Executivo, irão às residências onde as mulheres exercem suas atividades e organizarão um auxílio financeiro para ajudá-las a garantir suas dignidades enquanto cidadão. Isso poderá proporcionar melhores perspectivas de vida para o público feminino, de maneira a fragilizar o machismo e ampliar a igualdade.

  • Essa última é de Millena Martins Bacelar, do Piauí:

Em seu poema "Vou-me embora pra Pasárgada", o autor modernista Manoel Bandeira vislumbrou uma sociedade idealizada, para se refugiar de uma realidade na qual o eu lírico não era feliz, evidenciando a insatisfação no tocante ao mundo concreto. Nesse sentido, fora da ficção, no Brasil, muitos indivíduos são acometidos por tal disfunção, uma vez que são vários os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher. Logo, entre eles, estão a negligência estatal e a precária formação do ser.

Sob esse viés, vale pontuar, como uma das principais dificuldades associadas à não visibilidade do cuidado exercido em forma de labor pela mulher, no país, a indiligência governamental. Nessa perspectiva, o jornalista Gilberto Dimenstein elucida que a letargia das instituições públicas predispõe um empecilho significativo na materialização dos direitos preconizados na Carta Magna. À luz dessa asserção, é notório que o Estado não tem cumprido seu papel de modo adequado, visto que são ínfimas as políticas de remuneração adequada promovidas, as quais visem ao oferecimento de salários suficientes para viabilizar melhores condições de vida, como o aumento do poder compra de itens básicos e essenciais à sobrevivência, a exemplo de artigos de alimentação e de higiene pessoal. Como efeito, observa-se um cenário de desfacelamento da dignidade humana de muitas mulheres no ofício em voga.

Outrossim, faz-se mister destacar, como outra dificuldade a ser defrontada para combater a invisibilidade do trabalho de cuidadoras, na nação, a deficitária formação civil, que leva ao preconceito social. Nesse contexto, pode-se citar o fato de que muitas escolas são ineficientes em promover uma maior conscientização acerca da importância dos serviços de cuidado desempenhado, principalmente, por pessoas do sexo feminino, o que provoca um panorama de desvalorização e de descriminação das profissionais que, em grande parte das vezes, são subjugadas por suas características fenotípicas. Na linha desse raciocínio, cabe mencionar a "Teoria da Coercitividade", do sociólogo Émile Durkheim, ao afirmar que, se o pensamento hegemônico defende determinada ideia, nesse caso, de que essas atividades de cuidado não são relevantes para o desenvolvimento do país e de que as mulheres que a praticam são inferiores, por questão de raça ou gênero, o povo tende a segui-la.

Portanto, com o fito de dar visibilidade ao trabalho de cuidado realizado pela mulher, no Brasil, o Governo Federal, pilar inicial da pátria, deve investir mais em políticas de remuneração adequada e justa, por meio da destinação de um maior erário, que deverá ser retirado do Produto Interno Bruto, correspondente ao fornecedor de capital para fins como esse. Ademais, as Escolas, como agentes de socialização, precisam promover uma maior conscientização, mediante a elaboração de palestras e de debates, os quais informem a relevância desse ofício e da não discriminação das mulheres que o exercem, com o intuito de minimizar o preconceito. Assim, os brasileiros deixarão de protagonizar a distopia de Bandeira.

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