O Espaço Ciência é um lugar para quem é louco por curiosidade. Visitantes do museu interativo, situado no Parque Memorial Arcoverde, em Olinda, sabem disso. E quem nunca foi pode aproveitar a dica para conhecer os novos experimentos científicos em exposição. Vá com tempo e disposição. Você ficará cara a cara com um raio e poderá até fabricar lagos e montanhas.
Com direito a barulho, como se de verdade fosse, a simulação de raio do Pavilhão de Exposições gera um milhão de volts. “A potência é menor, mas a voltagem é a mesma”, explica o químico Antônio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência. Além de provocar os raios, como aqueles que riscaram o céu do Recife na tarde de 29 de janeiro último, o museu mostra como se proteger das descargas usando uma blindagem elétrica, a Gaiola de Faraday.
A mostra de longa duração do museu também foi incrementada com uma caixa de areia, chamada topografia interativa, para o público brincar com acidentes geográficos. “É um experimento inédito no Brasil, mexendo na areia as pessoas vão criando lagos, fazendo montanhas e entendendo melhor curva de nível e outros aspectos da topografia”, diz Antônio Carlos Pavão.
Com 22 anos de existência, o Espaço Ciência está sempre se reinventando para continuar atraente aos visitantes, afirma Pavão. “Funcionamos como um organismo vivo, sempre com novidades para garantir a volta das pessoas. Cada vez que elas retornam encontram experimentos novos, quase todos bolados e confeccionados aqui”, destaca o químico.
A função do museu, diz ele, não é ensinar, mas estimular o público. “Claro que eles aprendem um pouco, mas esse não é o objetivo principal. Queremos que as pessoas se sintam motivadas a buscar informações na escola, em casa, no trabalho.” Samuel Henrique Calado, 11 anos, aluno da Escola de Aplicação da Amec, em Igarassu, no Grande Recife, saiu da visita com os olhos brilhando.
Ele não disfarçava a alegria por ter conseguido levantar um carro, apenas puxando uma corda, durante visita ao Espaço Ciência na semana passada. “Tentei uma vez e não deu certo, na segunda vez funcionou. Eu me senti o Incrível Hulk, foi muito bom”, descreve Samuel, estudante do 6º ano.
O menino até pode ter tido seu dia de super-herói, mas o que ele fez já foi explicado pelo matemático e filósofo Arquimedes de Siracusa (287-212 a.C.), autor da célebre frase: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo”, afirma Antônio Carlos Pavão, desvendando a origem da “força” misteriosa de Samuel.
A estudante Bruna Reinaldo, 14, visitou o museu para fazer um trabalho da escola e ajudou a elucidar um crime na sala dedicada a experimentos de nanotecnologia e seus aplicativos. “Foi muito legal”, disse a jovem, aluna do 9º ano do Colégio Santa Maria, no Recife.
Único museu de ciência do Brasil com um manguezal natural, o local é aproveitado em trabalhos de conservação do ecossistema com os visitantes. “Temos três píeres para contemplação do mangue, uma torre para observação de pássaros e um barco para passeios”, informa.
Vinte anos atrás, comenta, havia menos árvores. “Deixamos a vegetação crescer e ficou assim. O manguezal é o resultado de muitos aterros e está no meio da cidade, analisar como esse ambiente se comporta tem importância científica”, diz.
DENGUE
Até o fim de junho de 2016, o público pode conferir a exposição sobre o mosquito da dengue, temática bem atual, montada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ). Há vídeos, um quintal à prova de mosquitos, representações do inseto e uma lista de plantas que acumulam água – bambu, bromélia, babosa, bananeira e gravatá, entre outras.
O Espaço Ciência, no Complexo de Salgadinho, abre de segunda a sexta das 8h às 12h e das 13h às 17h, e nos fins de semana, das 13h30 às 17h. Dois carros elétricos ajudam na locomoção de idosos e portadores de necessidades especiais. A entrada é gratuita, assim como o estacionamento.