O óleo que retornou ao litoral pernambucano em grandes quantidades desde o último dia 17 de outubro já está afetando microorganismos marinhos. É o que aponta uma pesquisa realizada pelas Universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco (UFPE e UFRPE) desde o último dia 24. O estudo identificou a presença de microfragmentos de óleo no plâncton, espécie de comunidade formada por diversos grupos de seres vivos, entre plantas (fitoplâncton) e animais (zooplâncton). A coleta foi feita em Tamandaré, no Litoral Sul do Estado.
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O material foi colhido no dia 24 em uma baía habitada por corais, que integra a Área de Preservação Ambiental (APA) Costa dos Corais, uma das maiores do País. “Em um primeiro momento, a gente detectou óleo junto com a amostra de zooplânctons. Então, a gente pode dizer com certeza que microfragmentos da substância já atingiram o plâncton. Outra parte da pesquisa, que ainda não tem conclusão, aponta para a possibilidade de os animais estarem consumindo óleo, o que seria um problema ainda maior”, aponta o professor Mauro de Melo Júnior, professor do Departamento de Biologia da UFRPE e um dos coordenadores do estudo.
Segundo ele, manchas pretas foram encontradas no interior de pequenos invertebrados, principalmente no sistema digestivo. “A dificuldade é que não temos equipamentos sensíveis o suficiente para apontar se as manchas são de petróleo”, explica o professor.
A solução será juntar as amostras encontradas nos animais para obter um volume maior de material e, em seguida, encaminhá-lo ao laboratório da universidade.
O estudo está sendo realizado pelo Laboratório de Ecologia do Plâncton da UFRPE e pelos laboratórios de Fitoplâncton e Zooplâncton Marinho da UFPE e é vinculado a um projeto maior, denominado Tamandaré Sustentável. O trabalho na APA Costa dos Corais foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outras pesquisas serão realizadas ainda na Ilha de Itamaracá, em Olinda e no estuário do Rio Capibaribe.
EDITAL
No Estado, na última semana, um edital de R$ 2,5 milhões em pesquisas foi lançado, por meio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), beneficiando 12 projetos que analisem a problemática do óleo no litoral.
Por enquanto ainda não há resultados para as pesquisas de análise de contaminação da água e do solo. A expectativa é que os laudos fiquem prontos até o dia 8 de novembro. Pescados também estão sendo examinados, por meio de uma parceria entre a UFRPE e a Universidade de São Paulo (USP).