DESASTRE AMBIENTAL

Ibama refuta pesquisadores e diz que mancha encontrada na Bahia não é óleo

Pesquisadores da UFRJ divulgaram imagens de uma suposta mancha de óleo de 200km² próxima ao sul da Bahia; Ibama descarta a possibilidade do material ser o poluente

JC Online
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Publicado em 30/10/2019 às 11:17
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Pesquisadores da UFRJ divulgaram imagens de uma suposta mancha de óleo de 200km² próxima ao sul da Bahia; Ibama descarta a possibilidade do material ser o poluente - FOTO: Foto: Reprodução
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O Ibama divergiu dos estudos realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que confirmavam a presença de uma mancha de óleo de aproximadamente 200 km² próxima ao sul da Bahia. Por meio de nota técnica divulgada nesta quarta-feira (30), o órgão negou que a mancha é composta pelo poluente, e considera que seja, provavelmente, uma célula meteorológica em condições de atividade intensa.

Analistas afirmam que a mancha não possui padrões texturais e técnicos apropriados do poluente. “Não é plausível associar tal feição suspeita registrada na imagem de radar do Satélite Sennel como feição com caracteres de derramamento oleoso, pois suas características texturais e multiespectrais, mais ainda e principalmente as condições meteorológicas locais, apontam para a ocorrência de uma célula meteorológica de alta intensidade”, diz a nota técnica.

O Instituto ainda defende que a mancha está próxima a uma região com condições oceanográficas inadequadas, ou seja, não seria o caminho a ser percorrido pelo óleo, considerando as correntes marítimas. “Encontra-se posicionada geograficamente próxima a uma região com condições meteoceanográficas inadequadas para fins de monitoramento de feições de poluição por óleo”, completou.

Estudo da UFRJ

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) localizaram uma mancha de óleo de aproximadamente 200 km² próxima ao sul da Bahia. A descoberta foi feita através da análise de uma imagem de radar emitida às 11h da manhã do dia 28 de outubro, gerada por um satélite da Agência Espacial Europeia. 

“O radar é muito sensível a ver rugosidade e lisura. O óleo é muito liso em comparação com a água do mar, que tem ondulações. Onde tem óleo, a água fica muito lisa. Esta é uma técnica consagrada para verificar se existe mancha de óleo”, explica José Carlos Seoane, professor do departamento de geologia da UFRJ e especialista em sensoriamento.

Segundo Seoane, os danos que a mancha pode causar são “gigantescos”. Quando a imagem foi gerada, o óleo estava a 50 km da costa. De acordo com a avaliação do cientista, é difícil que o material chegue ao Rio de Janeiro, porque provavelmente vai encontrar a linha da costa baiana antes, mas “nada impede que outras venham a chegar ao Rio”.

“Esta é sim uma ameaça a Abrolhos (litoral da Bahia) e ao continente. Estamos esperançosos que, neste curto tempo de aviso que demos, a mancha possa ser contida costa afora, pelos navios da Marinha ou de quem puder ajudar neste serviço”, afirmou.

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