Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) localizaram uma mancha de óleo de aproximadamente 200 km² próxima ao sul da Bahia. A descoberta foi feita através da análise de uma imagem de radar emitida às 11h da manhã do dia 28 de outubro, gerada por um satélite da Agência Espacial Europeia. Através de nota técnica divulgada nesta quarta-feira (30), o Ibama negou que a mancha seja composta pelo poluente, e considera que é, provavelmente, uma célula meteorológica em condições de atividade intensa.
“O radar é muito sensível a ver rugosidade e lisura. O óleo é muito liso em comparação com a água do mar, que tem ondulações. Onde tem óleo, a água fica muito lisa. Esta é uma técnica consagrada para verificar se existe mancha de óleo”, explica José Carlos Seoane, professor do departamento de geologia da UFRJ e especialista em sensoriamento.
Leia Também
- Pernambuco recolhe 1.518,53 toneladas de óleo em praias e rios
- Óleo de praias do Nordeste vai passar por análise na França e na Noruega
- Óleo no Nordeste: ministro da Defesa volta a Pernambuco e sobrevoa praias
- ONU expressa ''profunda preocupação'' com as manchas de óleo no Nordeste
- Estudo aponta contaminação de microorganismos marinhos por óleo
Segundo Seoane, os danos que a mancha pode causar são “gigantescos”. Quando a imagem foi gerada, o óleo estava a 50 km da costa. De acordo com a avaliação do cientista, é difícil que o material chegue ao Rio de Janeiro, porque provavelmente vai encontrar a linha da costa baiana antes, mas “nada impede que outras venham a chegar ao Rio”.
“Esta é sim uma ameaça a Abrolhos (litoral da Bahia) e ao continente. Estamos esperançosos que, neste curto tempo de aviso que demos, a mancha possa ser contida costa afora, pelos navios da Marinha ou de quem puder ajudar neste serviço”, afirmou. Essa é a primeira vez que o poluente é observado na superfície do mar e não nas praias.
Ibama nega
Analistas do Ibama afirmam que a mancha não possui padrões texturais e técnicos apropriados do poluente. “Não é plausível associar tal feição suspeita registrada na imagem de radar do Satélite Sennel como feição com caracteres de derramamento oleoso, pois suas características texturais e multiespectrais, mais ainda e principalmente as condições meteorológicas locais, apontam para a ocorrência de uma célula meteorológica de alta intensidade”, diz a nota técnica.
O Instituto ainda defende que a mancha está próxima a uma região com condições oceanográficas inadequadas, ou seja, não seria o caminho a ser percorrido pelo óleo, considerando as correntes marítimas. “Encontra-se posicionada geograficamente próxima a uma região com condições meteoceanográficas inadequadas para fins de monitoramento de feições de poluição por óleo”, completou.
Pontos atingidos
Até essa terça-feira (29), 268 pontos foram atingidos pelo petróleo desde a primeira mancha identificada pelas autoridades brasileiras, no dia 30 de agosto, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Renováveis (Ibama). Ao todo, 94 municípios espalhados por todos os nove estados nordestinos foram afetados.
Das 268 localidades afetadas, 153 apresentam vestígios e 98 não voltaram a observar manchas de óleo.