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Pesquisadores adotam nova tecnologia para remoção do óleo na praia de Itapuama

"Quanto mais o tempo passa, mais o petróleo resseca e fica mais difícil a remoção. Ainda tem muito a ser limpo", disse uma das engenheiras que encabeçam a ação

Maria Lígia Barros
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Maria Lígia Barros
Publicado em 28/11/2019 às 8:16
Foto: Múcio Banja/Divulgação
"Quanto mais o tempo passa, mais o petróleo resseca e fica mais difícil a remoção. Ainda tem muito a ser limpo", disse uma das engenheiras que encabeçam a ação - FOTO: Foto: Múcio Banja/Divulgação
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Uma tecnologia nova foi empregada nessa quarta-feira (27) na limpeza de Itapuama, no Litoral Sul de Pernambuco, uma das praias mais afetadas pelo óleo que atingiu o Nordeste. Das 8h às 11h30, 24 pesquisadores atuaram na remoção das manchas que restaram no paredão rochoso com a aplicação de biogel. O material, desenvolvido por cientistas do Instituto Avançado de Tecnologia (Iati), com sede no Recife, solubiliza o óleo, tornando mais fácil sua remoção em até 90%. A ação contou com apoio da Marinha do Brasil.

A utilização do produto em larga escala só se tornou viável através de uma campanha de financiamento coletivo; antes disso, apenas testes experimentais haviam sido conduzidos. A meta inicial era arrecadar R$ 150 mil, mas o grupo só conseguiu cerca de R$ 700. Ainda assim, somando recursos próprios, o laboratório produziu 80 quilos de biogel, usados na ação de ontem.

A engenheira química Leoni Sarubbo, pesquisadora do Iati, avalia que o mutirão como positivo. “A gente conseguiu limpar totalmente as superfícies onde a gente trabalhou. O problema é que quanto mais o tempo passa, mais o petróleo resseca e fica mais difícil a remoção. Ainda tem muito a ser limpo.”

Biogel

O biogel foi criado com base na linha de pesquisa desenvolvida pela acadêmica, voltada para materiais biodegradáveis. “A equipe se reuniu desde o acidente e formulou esse produto. Ele é de base vegetal, não apresenta toxicidade. Pode ser usado na remediação desse acidente.”

Para a pesquisadora, a ciência tem papel diferenciado neste momento da tragédia ambiental do vazamento de óleo. “A ciência está a serviço da sociedade, para que se possa encontrar soluções para problemas como esse. É importante que se invista em pesquisa.”

Segundo o biólogo Múcio Banja, que também conduz as pesquisas, o grupo planeja novas ações, mas colocá-las em prática depende de apoio. “Precisamos de um parceiro financeiro e de logística. O instituto tem boa vontade de produzir e aplicar, não há interesses em comercializar o biogel, apenas em ajudar na solução do problema.”

A eficiência do produto foi comprovada em formações rochosas, superfícies de areias, corais, micro-organismos e até em animais maiores. “No teste que foi feito na ONG Ecoassociados, em Porto de Galinhas, em tartarugas que tinham cascos, patas, e a região craniana contaminadas com o óleo, conseguiram remover com muita rapidez”, resumiu.

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