Alunos representantes de todas as regiões do Estado participaram ontem da cerimônia de encerramento e premiação da terceira edição do Torneio Virtual de Ciência (TVC), idealizado pelo Espaço Ciência. Os desafios, que abordavam as matérias de física, biologia, química, matemática, astronomia e robótica, duraram sete meses e integraram alunos do 8º ano do ensino fundamental 2 ao 3º ano do ensino médio. Cada região teve três escolas vencedoras em cada série que participou da competição.
Entre as equipes competidoras do ensino médio, o Sertão foi a área mais premiada. Já o ensino fundamental, foi destaque na Zona da Mata, Agreste e Região Metropolitana do Recife. Foram sete desafios, que deveriam ser desenvolvidos, por meio de experimentos e campanhas, filmados e publicados no Youtube para que fosse feita a avaliação pela equipe do TVC. Ao todo, 206 grupos de escolas de mais de 40 cidades se inscreveram. Não havia limite para integrantes em cada equipe, podendo engajar alunos de uma turma inteira. Puderam participar escolas da rede pública e particular.
Participando pela primeira vez da competição, a Escola de Referencia em Ensino Médio (Erem) Capitão Nestor Valgueiro de Carvalho, na cidade de Floresta, foi a grande vendedora de sua região. Para o professor Jonathas Cordeiro, a integração foi ponto chave na solução dos desafios propostos pelo ETC. “Eles mesmos se colocavam como líderes e definiam as funções de acordo com o perfil e as habilidades de cada um. No começo, tínhamos 30 alunos participantes. No último desafio, estávamos com 72”, relata.
Em Belém do São Francisco, também no Sertão, a Escola Estadual Escola Estadual Maria Emília Cantarelli contou com o apoio dos professores para despertar a criatividade dos alunos.“Por ser uma cidade pequena e com pouco acesso à tecnologia, tivemos algumas dificuldades. Em uma das atividades, por exemplo, necessitávamos um kit de robótica, coisa que não havia em nossa escola. A solução foi criarmos nosso próprio kit com material de sucata. Usando coisas simples e a criatividade, pudemos executar as tarefas e representar nossa região no pódio. Felizmente, nossos gestores nos apoiaram até financeiramente para conseguirmos nossos materiais”, conta o aluno do 2º ano do ensino médio, Carlos Vinícius da Silva, 17 anos.
Além das matérias da escola, os desafios envolvem questões de cidadania e coletividade, despertando o olhar dos alunos para questões sociais “Um dos nossos objetivos é justamente que a comunidade seja inclusa. A intenção é que o torneio não fique só entre a escola participante e o Espaço Ciência, mas que inclua a comunidade. Queremos que os jovens levem melhorias para o lugar onde vivem e convidem todo mundo para ser um pouco cientista”, explica o coordenador do TVC, Arthur Lima.
Na escola da estudante Anieli Dias Pereira, 14, o TVC já faz parte do cronograma de estudos. Nesta edição, sua turma, o 8º ano do ensino fundamental do Centro de Educação Froebel, em Olinda, venceu o torneio em primeiro lugar. “Acredito que o fato de cada aluno desenvolver a atividade que mais se identificava foi decisivo. Como há um alinhamento entre os conteúdos da escola e os desafios propostos, a competição torna a aprendizagem mais fácil e prática”, comenta.
Enquanto participam da competição, os jovens têm a oportunidade de se aproximar da ciência e desmistificá-la. Somado aos projetos montados, eles conseguem usar os desafios para colocar em prática o que muitas vezes fica apenas nos livros. “Nosso mote constante é valorizar a pesquisa científica experimental das escolas. Queremos reconhecer o papel de pesquisador e cientista dos nosso estudantes. O incentivo faz com que produções muito ricas e qualificadas sejam desenvolvidas por essas crianças”, pontua o diretor do Espaço Ciência, Antônio Carlos Pavão.
Entre as propostas, os estudantes foram desafiados a desenvolver processos de reutilização e filtragem de água, analisar desigualdades sociais na comunidade escolar e estatísticas, estimar a quantidade de energia solar que atinge o Estado mensalmente e até construir e lançar foguetes. Este ano, escolas da Bahia, do Paraná e de São Paulo também se inscreveram no Torneio.
Para Fellipe Fernandes, aluno do 9º ano da Escola Educandário Tércio Correia, em São Vicente Férrer, Agreste, os desafios ajudaram a dinamizar as aulas. “Deixou de seguir aquele modelo em que só o professor fala e se tornou um momento de interação com os estudantes. Isso nos aproximou muito, facilitando o trabalho em conjunto”. Na série do garoto, a escola ficou em terceiro lugar.