Faz parte do imaginário infantil sonhar em seguir a carreira de astronauta, ir ao espaço e pisar na lua. Algo que, com o passar do tempo, vai ficando pelo caminho enquanto alunos se preparam para outras carreiras, mais comuns na sociedade. Mas o que parecia ficar só na imaginação tornou-se uma possibilidade cada vez mais palpável. Francisco Carneiro Leão, de 12 anos, é aluno do 7º ano do Colégio Santa Maria e quer se formar em Engenharia, como passo inicial para essa carreira. Depois de fazer duas visitas com a escola à Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa), nos Estados Unidos, ele passou se dedicar mais aos estudos e entrou no clube de astronomia.
“Aprendi a moldar foguete, a programar, a me enturmar, fiz novos amigos e conheci um pouco mais da NASA, que eu já sabia o que era, mas não fazia ideia de tudo”, conta. “Eu pensava que ia ser legal, mas foi muito mais que isso. Eu vi um avião Boeing no meio do parque da NASA, vi robôs, vi como eles trabalham. Conhecemos astronautas de verdade. Tudo isso me fez gostar demais da área”, explica Francisco, que está montando o seu próprio foguete de combustão sólida, ao lado de outros seis amigos, para participar de um campeonato organizado pelo colégio, no Paiva. “No dia, o calor deixa a gente nervoso, também tem o vento, porque tudo interfere na decolagem. Também não pintamos o foguete, porque pode ser um fator a mais para atrapalhar o lançamento”, afirma.
Leia Também
O professor de Geografia e Astronomia, Tiago Marinho, que acompanha os estudantes na visita à NASA e também organiza o campeonato de foguetes, explica que os alunos ficam mais estimulados com essas aulas de campo, fora de sala de aula. “O projeto surgiu em 2016, a partir de um convite de um pesquisador brasileiro da NASA, Ivan Lima. Ele contou que haveria a possibilidade de os alunos irem para lá em formato de curso. É um curso de uma semana, onde ele usam simuladores, participam de treinamentos, assistem à palestras sobre robótica, foguetes. Eles ficam muito animados”, conta o professor.
Além do parque, com toda a parte histórica da NASA, os alunos têm acesso aos cientistas, engenheiros e a oportunidade de tirar dúvidas, conversar e até mesmo tomar café-da-manhã com esses profissionais. “Eles estimulam, dizem para eles se dedicarem para trabalhar lá. Então isso sai do sonho da criança e passa a ser uma possibilidade real.”
A partir da primeira visita, o Clube de Astronomia surgiu em 2016. “Funciona em parceira com a Universidade Federal Rural de Pernambuco, com a coordenação do professor de Astrofísica Antônio Carlos Miranda. As aulas são ministradas aqui pelos alunos dele. E daí surgiu a ideia do nosso campeonato de foguetes”, explica Tiago. “O nosso foguete é de combustão sólida, que é a mesma tecnologia da NASA. Os motores são feitos aqui, com uma empresa parceira. Isso é único aqui no Brasil, porque geralmente se usa água para disparar os foguetes.”
Tiago fala, ainda, que a partir de todas essas iniciativas, os alunos passaram a responder melhor em sala de aula às atividades que envolvem conceitos fundamentais da astronomia. “Teve um aluno que queria fazer Medicina e, depois da visita, decidiu por Engenharia Aeroespacial. Porque quando o jovem expande a mente e vê a profissão na prática, a coisa muda. Eles veem a possibilidade de trabalhar com paixão. A astronomia é encantadora.”