De um lado, a acusação, feita pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), com a tese de que o trio acusado de praticar canibalismo em Garanhuns e em Olinda não sofre de doença mental, matando suas vítimas por pura crueldade. Do outro, as defesas de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira e de Isabel Cristina Pires da Silveira, dois dos acusados pelo assassinato de Jéssica Camila da Silva Pereira, em 2008, no bairro de Rio Doce, em Olinda. Os dois devem trabalhar para inculpar Bruna Cristina Oliveira da Silva, a terceira acusada pelo crime.
Os três vão a júri popular amanhã, no Fórum de Olinda, no que deve ser o início do desfecho de um dos crimes de maior repercussão no Estado. Jorge, Isabel e Bruna, que viviam juntos, são acusados de assassinar, em 2012, outras duas mulheres em Garanhuns, Agreste do Estado, em supostos rituais de purificação espiritual. O trio confessou ter esquartejado e comido parte dos corpos das vítimas, usando a carne como recheio de empadas que Isabel vendia.
A promotora Eliane Gaia afirma que existem elementos para pedir a condenação integral dos acusados. “As provas são abundantes e a tese da insanidade foi derrubada”, explica. A defensora pública Tereza Joacy será a advogada de Jorge Beltrão e, por meio da assessoria da Defensoria Pública, ela afirmou que não poderia se pronunciar. “Vamos trabalhar pela redução de pena, não pela tese da insanidade”, diz Rômulo Lyra, advogado de Bruna. O advogado de Isabel Cristina, Paulo Sales, não foi encontrado.
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Detido desde 2012 no Presídio Francisco Marcelo de Araújo, no Complexo do Curado, na Zona Oeste do Recife, Jorge Beltrão é tido como tranquilo. Isolado no Pavilhão J, onde ficam aqueles que podem sofrer retaliações de outros detentos, ele raramente fala com outros detentos, segundo relatos de agentes penitenciários. Isabel e Bruna estão presas na Colônia Feminina de Buíque, no Agreste.
O julgamento começa com o sorteio dos jurados. Logo após acontece a leitura da denúncia. Depois, é a vez das testemunha; primeiro as de acusação, seguindo-se as de defesa. Chega então a vez do interrogatório dos três réus. A promotoria tem 2h30 para fazer a acusação e as defesas dos três acusados, o mesmo período de tempo, só que dividido para cada um deles. Seguem-se os debates e logo após a juíza se reúne com os jurados. “Não dá para estimar quando o julgamento vai acabar, mas já participei de casos mais complexos, com mais réus, e que terminaram no mesmo dia”, informa a juíza Maria Segunda, responsável pelo julgamento.