Nos últimos dois anos, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) gastou, aproximadamente, R$ 1,2 milhões com serviços de manutenção nos trens que compõem o sistema do Metrô do Recife (Metrorec). O dinheiro, que poderia ser investido em melhorias no sistema de transporte, foi utilizado em reparos de vidros de portas e janelas, quebrados em decorrência de atos de vandalismo. E, de acordo com a CBTU, a tendência é que esse valor cresça ainda mais, já que o número de casos de depredação registrados no Metrorec tem aumentado consideravelmente este ano.
Para se ter uma ideia, só entre terça e quinta-feira, foram contabilizados 20 vidros de trens quebrados, sendo 18 deles de janelas e 8 de portas. Em apenas três dias, os gastos totalizaram R$ 22 mil, segundo a CBTU. Pelo menos cinco composições precisaram ser tiradas de circulação para manutenção.
“Ao cometer esses atos de vandalismo, as pessoas estão danificando o patrimônio público e também cometendo um crime contra a população. Cada trem que é tirado de ciculação para serviços de reparo fica parado por aproximadamente oito horas. Isso representa, pelo menos, 10 mil lugares a menos para a população em horários de pico”, explica o gerente de comunicação do Metrorec, Salvino Gomes, que destaca que os casos mais comuns são apedrejamentos e chutes.
Trens ficam parados pelo menos por oito horas para serviços de reparos. Foto: Divulgação
O que tem chamado a atenção é que as ações de depredação não se restringem aos dias de jogos, quando normalmente se registra vários casos de vandalismo. Em dias comuns também estão sendo contabilizados diversos atos. “Não é só o futebol que está comprometendo nosso sistema. Não tivemos jogos importantes nesses últimos dias e várias composições tiveram janelas quebradas e portas danificadas”, afirma Salvino Gomes.
De acordo com dados divulgados pela CBTU, no ano de 2013, os prejuízos somaram R$ 500 mil reais. Já em 2014, o valor subiu para R$ 700 mil reais, um aumento de 40%. Este ano, o número deve ultrapassar R$ 1 milhão, já que só nos primeiros cinco meses de 2015 já foram empregados cerca de R$ 400 mil com esse tipo de manutenção. “Se o valor continuar crescendo, a circulação dos trens pode ficar comprometida, pois não vamos dispor de uma frota de segurança, que são aqueles trens que eventualmente entram para dar a assistência necessária para a população”, analisa o gerente de comunicação.
As imagens das câmeras de segurança instaladas na estações do metrô estão sendo coletadas e encaminhadas à polícia para tentar identificar os responsáveis pelas ações criminosas. A população também pode ajudar, denunciando casos de vandalismo por meio da ouvidoria da CBTU, nos números (81) 2102-8580/2102-8556. Não é preciso se identificar.
SEGURANÇA - Mesmo depois da morte do músico Jessé de Paula, que foi atingido em março deste ano por um trem na estação Largo da Paz, em Afogados, após ultrapassar a faixa de segurança, os usuários do Metrorec continuam sem respeitar o limite de distância entre o passageiro e a composição estabelecido pela faixa amarela. Na última sexta-feira (15), a reportagem do JC esteve na Estação Central do Metrô e flagrou dezenas de usuários invadindo o espaço e colocando as próprias vidas em risco.