Atualizada às 11h05
Passada a paralisação de 24 horas da Polícia Civil de Pernambuco, que aconteceu nesta terça-feira (19), os efeitos ainda repercutem. Na manhã desta quarta-feira (19), algumas pessoas formam fila na espera pela liberação dos corpos no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, no bairro de Santo Amaro, área central.
Os 31 corpos que estavam nos refrigeradores do Instituto só começaram a ser liberados por volta das 8h40. "São muitos corpos e não tenho previsão de quando o meu ente querido será liberado. É um momento de muita dor e nós não deveríamos ter de passar por algo assim", lamentou Fátima Veiguelin, que está na sede do IML desde ontem. A dona de casa, Sueli Cristina, estava aguardando a liberação de um corpo, o que só aconteceu por volta das 9h10. "Graças a Deus estamos saindo daqui para realizar o velório e funeral", desabafou.
A funcionária pública Luciane Coelho também foi até o Instituto para esperar pela liberação do corpo do tio dela, encontrado morto em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, há dois meses. O IML estava esperando o resultado de um exame de DNA para a comprovação da identidade da vítima, mas o resultado chegou durante a greve de advertência e os servidores do instituto se recusam a liberar o corpo. “Eles estão lidando com pessoas que perderam entes queridos e estão em um momento de sensibilidade imensa. Acho que eles teriam que rever como eles vão reivindicar os direitos deles”, completa.
No local, o mau cheiro provocado pelos corpos é forte e incomoda as pessoas que esperam na fila. Segundo funcionários do Instituto, um dos refrigerador que acomoda os corpos estaria quebrado. Em dias normais, nenhum corpo passa a noite no local. "Aqui está difícil até de respirar devido ao mal cheiro", disse Sueli Cristina.
Em nota, o Governo do Estado lamentou os transtornos ocorridos no Instituto de Medicina Legal. O poder público agendou para esta quinta-feira (21) uma reunião com representantes do Sindicato dos Policiais Civis, Sinpol. Após o encontro a categoria deve agendar a assembleia e a definição sobre a pauta e as mobilizações.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros, destacou que os trabalhadores não são os vilões da história. "Essa é um reivindicação para melhorar a segurança do Estado, que está caótica", explica. Além do órgão, ficaram paralisados, nesta terça, o Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) e o Instituto de Criminalística (IC). A emissão de documentos e os registros de boletins de ocorrência (BO) também foram suspensos. Apenas delegacias de flagrantes e serviços emergenciais continuaram funcionando.