Rua da Aurora

Moradores da Rua da Aurora contestam cerca em área de posto desativado

Estabelecimento funcionava de maneira irregular e foi desativado em maio. Serviço de isolamento é questionado pelos moradores, que estão temerosos por uma reprivatização do terreno

Da editoria de Cidades
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Publicado em 12/08/2016 às 15:55
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Estabelecimento funcionava de maneira irregular e foi desativado em maio. Serviço de isolamento é questionado pelos moradores, que estão temerosos por uma reprivatização do terreno - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Um serviço no terreno do posto Shell desativado na Rua da Aurora, no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife, deixou em alerta os moradores da via. Na tarde desta quinta-feira (11), a empresa Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil, iniciou a tapumação da área, provocando questionamentos sobre a legalidade do serviço. No último domingo, moradores e simpatizantes da rua discutiram propostas de uso público para o local. 

Posto estava irregular

A desativação do posto era uma luta antiga dos moradores. Após 25 anos de funcionamento em uma área pública, o estabelecimento já tinha sido alvo de ações judiciais e notificado pelo município. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a concessão para uso da área pública estava vencida e uma decisão judicial para devolução do terreno para o poder municipal estava em andamento. 

Por conta da sanção da Lei Municipal 18.212/2016, em janeiro deste ano, os proprietários deram entrada, há dois meses, no processo de desativação. O posto funcionava às margens do Rio Capibaribe, condição proibida pela nova lei. De acordo com a legislação, é restrita a localização de postos a menos de 20 metros das margens dos rios. 

Isolamento do terreno mobiliza moradores

As primeiras estacas para sustentar os tapumes foram cravadas no início da tarde desta quinta-feira, causando surpresa e temor nos moradores em relação a um novo uso privado para o terreno. “Expliquei para o funcionário responsável pelo serviço que eles não podiam cercar o terreno, que era um ato ilícito e de que não havia autorização da prefeitura para colocar os tapumes. O espaço é público e estão privatizando”, conta a advogada e integrante da Associação Amigos da Aurora, Marylia Santos. 

A entidade ficou responsável por organizar no último domingo o evento Viver Aurora: A Aurora que queremos, onde moradores e simpatizantes da rua discutiram propostas para o terreno desocupado. O monumento Tortura Nunca Mais se transformou num “mural de desejos”, onde foram penduradas sugestões dos participantes. Academia da Cidade, posto policial e praça de alimentação foram as alternativas mais votadas. 

De acordo com Marylia, o grupo pretende fazer, até o final desta sexta-feira (12), uma denúncia formal na Prefeitura do Recife em relação ao serviço. “Vamos na prefeitura e no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-PE). É um tapume irregular, sem a menor autorização e licença”, ressalta. 

Nesta sexta-feira, o serviço não foi continuado e o terreno permanece apenas com as estacas de madeira, sem placas de isolamento. Em nota, a Raízen, esclarece que está aguardando a autorização dos órgãos responsáveis para formalizar a entrega do imóvel do antigo Posto Aurora à prefeitura. A companhia reitera que o serviço de tapumação foi iniciado com o objetivo de garantir a segurança do imóvel. Ainda de acordo com a nota, a Raízen reforça seu compromisso com todas as leis vigentes.

Situação do terreno

Também em nota, as Secretarias de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS) e de Assuntos Jurídicos (SAJ) do Recife informam que foi concedida ao Auto Posto Aurora Ltda a licença de desativação do posto, que ainda está em andamento. A data da emissão é 24 de maio de 2016, com prazo de validade de um ano. Esse é o período que a Raízen tem para apresentar estudos de impactos no local onde o posto estava instalado. Caso os resultados apresentem danos ou contaminação do solo, a empresa ficará responsável pela recuperação do terreno. 

De acordo com a SMAS, a empresa tem cumprido as condicionantes da licença e o processo para o encerramento da cessão do imóvel e retorno da posse ao município está em andamento. Como o local ainda não foi repassado à prefeitura, o isolamento da área não configura irregularidade. 

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