Taxistas do Recife se preparam para atuar via aplicativo

Ideia é facilitar acesso e avaliação imediata do usuário
Cidades
Publicado em 23/08/2016 às 19:11
Ideia é facilitar acesso e avaliação imediata do usuário Foto: André Nery/JC Imagem


Os 6.125 taxistas do Recife se preparam para disponibilizar um aplicativo, por meio do qual os usuários poderão acionar e avaliar o serviço, a exemplo do que já acontece hoje com o Uber. A iniciativa é uma das inovações definidas entre o sindicato da categoria e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a serem adotadas para melhorar a qualidade do serviço de táxi, segundo informa o promotor de transporte, Humberto Graça, que considera esse novo modelo “revolucionário”.

“Há uma discussão em pauta em todo o País sobre a legalidade ou não do Uber, que deve ser definida no parlamento federal. Mas isso é coisa para o futuro e a sociedade quer uma resposta para ontem”, afirma o promotor. “A promotoria entende que o caminho vai ser o de abertura desse mercado, pois a população se manifesta de forma cristalina que quer outro tipo de serviço e não está satisfeita com os táxis. Por isso, independente do que venha a acontecer, o serviço de táxi precisa se reinventar”.

Conforme Humberto Graça, 70% dessa mudança depende de tecnologia. “Haverá uma depuração do sistema, uma seleção natural. Os bons irão sobreviver e ter um bom padrão remuneratório. O taxista que anda com o carro sujo, é descortês, tem comportamento de marginal, será expurgado”, destaca. Uma outra medida apontada é a qualidade dos veículos. “O usuário precisa saber que estará sempre bem servido”. Para o público mais exigente, serviço premium. Para cadeirantes e outros clientes especiais, serviços diferenciados.

O novo modelo foi discutido em quatro reuniões com os taxistas e apresentado à Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) na última sexta-feira. Mas ontem, centenas de taxistas realizaram um protesto contra o Uber, bloqueando por uma hora o trânsito na Avenida Mascarenhas de Morais, na Imbiribeira, Zona Sul, e prometeram uma nova manifestação na próxima segunda-feira (29), até a sede da prefeitura. Eles levavam um caixão, simbolizando a “morte da categoria” com o Uber.

Sindicato quer fiscalização mais rigorosa

“O sindicato não participou do movimento porque espera os resultados dos encontros com o Ministério Público. Estamos correndo atrás do aplicativo e vamos ter melhoria de atendimento, vestimentas... mas também queremos fiscalização mais rigorosa sobre o Uber, o serviço é proibido por lei”, defende o presidente do Sindicato dos Taxistas de Pernambuco, Everaldo Menezes.

Segundo ele, após o Uber houve uma queda média de 70% na renda da categoria. “Eles (os motoristas do Uber) cobram 40% a menos e ainda pagam 25% à empresa, não sei como vivem. Mas os taxistas são proibidos por lei de dar desconto. Infelizmente, os políticos não estão querendo botar a cara e resolver isso”.

Por meio de nota, a Semoc afirma que “o ideal é que a medida seja tomada em nível nacional, uma vez que a CTTU atua de acordo com a Lei Federal Nº 12.468/2011”, que atribui exclusivamente aos taxistas o transporte remunerado individual de passageiros, tendo apreendido cerca de 300 infratores este ano. São Paulo e o Distrito Federal regulamentaram o Uber e Belo Horizonte e Rio de Janeiro estão em processo de regulamentação.


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