Acusados pela morte de Artur Eugênio vão a julgamento

Dois dos cinco indiciados serão submetidos a júri popular em Jaboatão
JC Online
Publicado em 13/09/2016 às 7:26
Dois dos cinco indiciados serão submetidos a júri popular em Jaboatão Foto: Reprodução/Facebook


Acusação e defesa estarão cara a cara a partir de amanhã em um dos julgamentos mais aguardados da história recente do Estado. Dois anos e quatro meses após o brutal assassinato do médico Artur Eugênio Azevedo, de 35 anos, dois dos cinco indiciados pelo crime serão submetidos ao Tribunal do Júri da Comarca de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O advogado Cláudio Amaro Gomes Júnior, 33 anos, e o motorista Lyferson Barbosa da Silva, 27, serão os primeiros a encarar o julgamento.

Dois outros acusados, o também médico Cláudio Amaro Gomes, 58 anos, e Jaílson Duarte César, 30, recorreram da decisão da juíza Inês Maria de Albuquerque de submetê-los a júri popular e o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) ainda analisa o recurso. O quinto indiciado, Flávio Braz de Souza, foi morto numa troca de tiros com policiais militares, em fevereiro de 2015. O médico Artur Eugênio foi executado com três tiros disparados à queima roupa às margens da BR-101 Sul, na localidade de Comporta, em Jaboatão, no dia 12 de maio de 2014. O motivo seriam desavenças profissionais com Cláudio Amaro Gomes.

ESTRATÉGIA

Para convencer os jurados da culpa de Cláudio Júnior e Lyferson, a acusação vai apostar nas provas produzidas ao longo do inquérito policial. “São contundentes. Nas imagens do circuito de segurança do Hospital do Câncer, Cláudio Júnior, Lyferson e Flávio são vistos no carro que saiu atrás do de Artur, na noite do crime. A garrafa do combustível utilizado para queimar o carro do médico tem digitais que conferem com as de Cláudio Júnior”, comenta o advogado da família de Artur, Daniel Lima. Segundo ele, o celular com que Cláudio Júnior teria ligado para o pai, logo após o crime ter sido consumado, pertencia a Lyferson, o que provaria que eles estavam juntos naquela noite.

A defesa de Cláudio Amaro Gomes Júnior prefere não adiantar que linha adotará no julgamento, que tem previsão para durar sete dias. “Temos, sim, argumentos, e os apresentaremos durante o processo. É uma estratégia”, afirma o advogado Luiz Miguel dos Santos. Ele explica que pretendia arrolar como testemunha um perito que teria verificado supostas inconsistências nos laudos produzidos pela Polícia Científica, mas que a juíza não acatou o pedido. 

A advogada Janecely Plutarco, que defende Lyferson Barbosa, vai pedir a absolvição do cliente. “Ele não teve nada a ver com esse crime. Em nenhum momento ele aparece nas imagens do circuito interno ou é mencionado como tendo participado de alguma abordagem ao médico. Lyferson estava na casa de uma companheira na noite do assassinato e podemos provar isso”, explica a defensora. Segundo ela, a culpa recairia sobre Flávio Braz, conhecido como “Boca de Lata”, morto após reagir a uma abordagem policial em um sítio localizado em Jaboatão, no dia 9 de fevereiro de 2015. Cláudio Júnior e Lyferson Barbosa se encontram no Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife. 

A viúva de Artur Eugênio, a também médica Carla Rameri Azevedo, foi arrolada como testemunha de acusação. Procurada pela reportagem, ela preferiu não se pronunciar até o final do julgamento. Os sete jurados que formarão o corpo do júri serão escolhidos entre 25 pessoas convocadas pela juíza Inês Maria de Albuquerque. 

Serão exibidos depoimentos em vídeo de 24 testemunhas de acusação e, em seguida, os dois réus serão interrogados. Segue-se o debate entre defesa e acusação, cada qual com duas horas e meia para sustentar sua tese. Réplica e tréplica garantem mais duas horas para cada parte. Depois disso, os jurados serão isolados para proferir a sentença pela culpa ou inocência dos acusados.

De acordo com o inquérito policial, Artur Eugênio Azevedo teria sido morto por encomenda, após divergências com Cláudio Amaro Gomes, que foi seu chefe no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Ele teria descoberto supostas irregularidades praticadas por Cláudio no setor de cirurgia torácica do hospital, e teria ameaçado denunciá-lo ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). Para os investigadores, Cláudio Gomes seria o mandante do homicídio. Artur deixou a viúva e um filho.

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