Na esteira de uma seca que entra em seu sexto ano, dez municípios do Agreste se encontram, desde a semana passada, com o abastecimento d’água em colapso. Foi quando a barragem de Jucazinho, que abastece a região, chegou a 0,3% de sua capacidade. As cidades atingidas são: Toritama, Vertentes, Vertente do Lério, Santa Maria do Cambucá, Casinhas, Passira, Cumaru, Riacho das Almas, Salgadinho e Frei Miguelinho. Para evitar a calamidade, o governo do Estado vai providenciar 100 carros-pipas diariamente para os municípios em pior situação.
A boa notícia fica para os 50 mil habitantes de Surubim, município mais populoso da região. O governo anunciou ontem a reativação do sistema de Palmeirinha, conhecido na região como Barragem de Pedra Fina, o que vai manter na normalidade o fornecimento de água para a cidade.
A obra custou R$ 2,6 milhões – recursos do governo do Estado – e foi tocada de forma emergencial devido à queda no nível da barragem de Jucazinho, como forma de evitar o desabastecimento em Surubim. “Era um sistema antigo e que estava desativado desde que Jucazinho entrou em operação, em 2001. Estamos começando os testes e, ainda hoje (ontem), a água deve chegar ao município”, comenta o diretor regional da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) no interior, Marconi de Azevedo. Segundo ele, a barragem de Pedra Fina tem capacidade para 6,2 milhões de litros cúbicos e está, atualmente, com 80% de seu volume.
A obra de reativação do sistema foi iniciada no dia 1º de agosto e, ontem, recebeu a visita do governador Paulo Câmara. A adutora tem cerca de 30 quilômetros de extensão e capacidade para transportar até 150 litros de água por segundo. Segundo a Compesa, a vazão é muito próxima à conseguida pelo sistema Jucazinho para Surubim. Ainda de acordo com a companhia, a obra também contempla a reforma da Estação de Tratamento de Água Buraco do Tatu, no município de Bom Jardim, também no Agreste do Estado.
Outra boa notícia é que, até janeiro, a Compesa espera estender o fornecimento da água da barragem de Pedra Fina para outras cidades afetadas pelo colapso de Jucazinho, como Toritama, Vertentes, Vertente do Lério e Santa Maria do Cambucá. “É preciso alguns ajustes, mas a expectativa é normalizar o fornecimento nesses municípios também”, continua Azevedo. Para as demais cidades, não há alternativa a não ser o carro-pipa. Ou a chuva enchendo a barragem de Jucazinho.
Várias barragens do interior do Estado se encontram em estado de colapso na oferta de água. São os casos dos reservatórios de Manuíno, em Bezerros, Taquara, em Caruaru, Poço Fundo, em Santa Cruz do Capibaribe, e Belo Jardim, em Belo Jardim, as quatro no Agreste. A mesma situação atinge as barragens de Marrecas, em Custódia, Serrinha II e Jazigo, ambas em Serra Talhada, no Sertão. Barra do Juá, em Floresta e Caiçara, em Parnamirim, são outras adutoras sertanejas que estão em colapso, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
No Grande Recife não há grandes riscos para a população no que diz respeito ao abastecimento de água. As barragens de Tapacurá, em São Lourenço da Mata, e Botafogo, em Igarassu, estão, respectivamente, com 65% e 49% da capacidade. Outros reservatórios, como os de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, Várzea do Una, em São Lourenço da Mata, e Duas Unas, em Jaboatão dos Guararapes, têm, respectivamente, 98%, 88% e 75% de seus volumes.