As férias de 2.724 policiais militares e civis que aconteceriam no mês de janeiro estão suspensas. A medida – adotada inicialmente no dia 14 passado para se encerrar no dia 31 deste mês – foi prorrogada na quarta-feira, sem nenhum alarde. O anúncio publicado no Boletim Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) prevê o gozo das férias para os servidores atingidos pela decisão somente a partir de 2 de março.
A alegação do governo é que precisa reforçar o efetivo, após muitos policiais abandonarem o Programa de Jornada Extra de Segurança (Pjes). “O objetivo é oferecer segurança à população de Pernambuco, apenas isso. À medida que a gente consiga retomar a normalidade dos lançamentos desses policiais é evidente que esse ato poderá ser revisto”, declarou o secretário de Defesa Social, Angelo Gioia, em entrevista à imprensa. Em dezembro, já haviam sido suspensas as férias de 1.811 policiais.
A prorrogação foi recebida pela categoria como mais um ato de retaliação por parte do Governo do Estado. “É só olhar nas ruas e ver que essa medida não funciona. O policial volta para os quartéis mas só sai às ruas se o equipamento de trabalho estiver nas condições estabelecidas por lei, pois a operação-padrão continua. É pura retaliação. Um absurdo, os policiais se programaram para estar com suas famílias”, declara o presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS), Alberisson Carlos.
E continua: “O governo deveria era se preocupar em nos dar melhores condições de trabalho. O dinheiro gasto com o Exército (cerca de R$ 14 milhões) poderia ter sido utilizado para adquirir viaturas, rádios, coletes e até mesmo proporcionar melhorias nos quartéis”.
De acordo com a assessoria da Polícia Militar, além do policiamento ordinário e do pessoal que teve férias suspensas (em torno de 400 no Grande Recife), estarão à disposição, neste fim de semana, 110 homens da diretoria integrada metropolitana, 85 da diretoria integrada especializada, 90 do quartel do comando-geral e 90 cedidos por outras unidades, totalizando um reforço de 375 policiais extras neste Natal.
A operação-padrão e a entrega dos Pjes foram decididas em assembleia-geral da categoria no dia 6 e reforçadas no dia 9, quando 3,5 mil homens das Forças Armadas foram autorizados a atuar na Garantia da Lei e da Ordem (Glo) nas ruas – número reduzido para 500 até 3 de janeiro. Já no dia 6, o governo extinguiu uma mesa de negociações estruturada em 2015 entre sindicatos e Secretaria de Administração e passou a tarefa para o comando-geral da PM.
Somente na última quarta-feira (21) representantes da categoria se reuniram com o comandante, coronel Carlos Alberto D’Albuquerque. Os líderes (que chegaram a ser detidos e convocados para atuar nos quartéis, medidas revogadas via Justiça[TEXTO]) [/TEXTO]dizem que teriam nova reunião anteontem. Contudo, a PM divulgou nota à imprensa informando que os comandos só voltariam a recebê-los se os serviços fossem normalizados.
A categoria reivindica reajustes salariais que quase dobram seus salários em dois anos. O de soldado passaria de R$ 3,2 mil para R$ 6,1 mil em 2018.