Após reunião de duas horas com o hoje secretário estadual de Desenvolvimento Social – assumiu a pasta em janeiro deste ano – Roberto Franca no início da noite de ontem, o presidente do Conselho, Eduardo Figueiredo, explicou que o projeto deverá ser apresentado na próxima reunião ordinária da entidade, no dia 10 de abril. “O documento está pronto, e algumas medidas, como a contratação de agentes socioeducativos e algumas obras estruturais já estão sendo tomadas”.
Mas o sistema tem pressa. Unidades como o Case de Abreu e Lima, por exemplo, onde ocorreu o último motim, estão com 229,5% de superlotação, com 225 internos espremidos onde deveria haver 98. “O sistema socioeducativo do Estado é um colapso ambulante”, diz a coordenadora executiva do Gajop, Deila Martins. Estrutura precária das unidades, déficit de agentes socioeducativos e falta capacitação desses profissionais são alguns dos maiores problemas. “O Case de Abreu e Lima, por exemplo, jamais poderia estar naquele lugar, ao lado de dois complexos prisionais – o Centro de Triagem e Observação Professor Everardo Luna (Cotel) e o Centro de Reeducação da PM (Creed). O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) proíbe isso, pois a proximidade desse perímetro estimula a cultura das facções”. Na manhã de ontem, muitas famílias de adolescentes ainda esperavam, atônitas, por informações relativas ao estado de saúde dos filhos e netos. Sem se identificar, muitas relataram o maior problema da unidade: os conflitos entre os internos novatos e os mais antigos. “Quiseram fazer meu filho de empregado e ele não aceitou. Apanhou até sangrar. Quem não se revolta com isso?”, disse uma mãe, cujo filho está há seis meses internado por tráfico de drogas. “O meu filho está aí há 20 dias. A juíza deu três anos a ele por causa de 12 papelotes de maconha. É o mesmo tempo que pega um menino que matou alguém. Eu sei que ele errou, mas não merece apanhar como está apanhando aí dentro”, contou outra mãe. A assessoria da Funase explicou que não houve feridos no motim, e que o adolescente morto não chegou a ser decapitado, como foi especulado. A entidade afirma que o clima continua tranquilo no Case. ESPERA