O arquiteto mexicano Saúl Alcántara Onofre sugeriu nesta segunda-feira (20), no Recife, a inclusão de seis jardins projetados na cidade pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) na lista indicativa brasileira do patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Conselheiro da Unesco no Comitê Internacional de Paisagens Culturais, o arquiteto lançou a ideia na abertura do 2º Seminário Internacional Paisagem e Jardim como Patrimônio Cultural, dia 20 de março à noite, no Forte do Brum, localizado no Bairro do Recife. O evento – seminário e workshop – termina sexta-feira próxima.
Na lista indicativa que o Brasil submeteu à Unesco já consta desde 30 de janeiro de 2015 o sítio onde o paisagista morou até 1994, em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro, como candidato ao título de patrimônio mundial. “Seria um erro muito grave do Iphan propor apenas o sítio de Burle Marx”, afirma Saúl Alcántara Onofre.
A lista deveria ser ampliada, diz ele, com a inclusão das praças de Burle Marx que foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em junho de 2015 e desde então são consideradas jardins históricos do Brasil: Casa Forte, Faria Neves, Euclides da Cunha, do Derby, Ministro Salgado Filho e Praça da República com os jardins do Palácio do Campo das Princesas.
“Burle Marx é o paisagista mais importante do século 20 no mundo”, destaca Saúl Onofre, professor de arquitetura da Universidade Autônoma Metropolitana do México. “Ele levou para os jardins que projetou no Brasil e no exterior, nas décadas de 1950 e 1960, a experiência dos anos de trabalho no Recife”, destaca o arquiteto.
O paisagista, nascido em São Paulo, dirigiu o Setor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco de 1934 a 1937. “Não faz sentido indicar só o sítio na lista de patrimônio mundial. Burle Marx fez aproximadamente 2,5 mil projetos, a obra dele é mundial e tem um estilo próprio, o jardim moderno tropical, conceito que ele criou no Recife”, observa.
Grande parte dos estudos necessários para propor a candidatura dos seis jardins como Patrimônio da Humanidade já foram realizados pelo Laboratório da Paisagem do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), diz o arquiteto. Ele se refere ao Inventário dos Jardins de Burle Marx no Recife, e-book lançado pela equipe do laboratório segunda-feira (20), na abertura do seminário.
“O governo do Estado, a Prefeitura do Recife e a reitoria da UFPE deveriam apoiar o Laboratório da Paisagem e propor essa iniciativa (a inclusão das praças de Burle Marx na lista indicativa de patrimônio mundial) ao governo federal”, diz Saúl Onofre ao visitar, na tarde de terça-feira (21), o primeiro projeto de jardim público do famoso paisagista, a Praça de Casa Forte, na Zona Norte do Recife.
O arquiteto coordena, pelo México, 2º Seminário Internacional Paisagem e Jardim como Patrimônio Cultural, organizado pelo Laboratório da Paisagem da UFPE e Universidade Autônoma Metropolitana do México, em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PE). A coordenação brasileira é da arquiteta da UFPE Ana Rita Sá Carneiro.