Cinco anos depois de passar a abrigar internamente ambulantes do seu entorno, em projeto de reordenamento da área, o Pátio da Feira de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, é a imagem do abandono. Barracas velhas, enferrujadas, com lonas rasgadas e sem padronização; sujeira por todo lado; calçadas ocupadas por fiteiros; estacionamento desordenado.
“Há muito tempo disseram que iam padronizar as barracas, cobrir tudo, organizar, mas nada aconteceu. A chuva está chegando e já comprei R$ 900 de lona para botar por cima da minha, porque quando ela afunda com a água não presta mais e eu tenho balança digital, frigobar”, relata o feirante Evânio da Silva Xavier, 41 anos, que trabalha no local há 34 anos.
Um contêiner instalado nos fundos da feira amontoa o lixo dividido entre vendedores, donos de bares e até moradores, provocando mau cheiro bem próximo aos alimentos comercializados. Nas calçadas, fiteiros que deveriam estar em um terreno adquirido pelo município há três anos e meio, na Rua Dona Ana Xavier (continuação da Rua Padre Lemos), dificultam a mobilidade.
“Quando cheguei aqui não tinha nem dez fiteiros. Hoje são uns 60, gente que veio de vários outros lugares. A prefeitura não resolve nada e a gente fica preocupado que nos tirem e não nos botem em lugar nenhum, como fizeram com outros comerciantes”, desabafa Marcos José Lima, 49, há 29 anos trabalhando no local.
Outro problema relatado por comerciantes e frequentadores da feira e do mercado é a falta de estacionamento. Em agosto passado, a prefeitura prometeu ordenar 65 vagas de Zona Azul na área até o fim de 2016, mas o projeto não se concretizou. Anteontem, houve reunião com os moradores sobre o assunto.
Segundo o presidente do Conselho de Moradores do Alto de Santa Isabel e integrante do movimento Casa Amarela Saudável e Sustentável, Adelson Chagas, a proposta inicial teve ajustes e está satisfatória. “Aumentaram as vagas de carga e descarga de uma para três e estabeleceram um espaço para cinco caminhões de mudança e frete, uma reivindicação nossa, já que o pessoal está na área há muito tempo”, destaca.
Agora será discutido um rodízio entre os 11 caminhoneiros do local. “É bom que a prefeitura organize o estacionamento, mas precisamos de um lugar para ficar, tem gente aqui há 30 anos, eu estou há seis”, diz Teófilo Sérgio da Silva, 58.
A instalação de uma ciclofaixa prometida pelo município também é cobrada. Muitos ainda pedem a instalação de banheiro público e de mais segurança, afirmando que há venda de drogas em plena luz do dia no largo. Vários pontos exalam cheiro de urina, como na Praça Joca Leal. “Nessa praça foi instalada a primeira capela do Alto de Santa Isabel e tinha uma imagem que foi removida, é preciso restaurar o local para ela [TEXTO]voltar, e melhorar a iluminação”, observa Adelson.
O secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga, informa que até o fim do ano todo o largo de Casa Amarela passará por uma série de melhorias. “Vamos desenhar o espaço de cada feirante no chão, para ordenamento, e exigir um padrão mínimo para as bancas. Toda a área será organizada, inclusive a praça, mas o tamanho do projeto dependerá do nosso orçamento”, diz. Segundo ele, a padronização não será bancada pelo município. “Até porque há feirantes que alugam as barracas.”
A ação mais próxima é o Zona Azul. “Vamos implantar o Zona Azul até o início de maio”, garante. “Vale lembrar que o largo era muito bagunçado, com ocupação de vários equipamentos públicos e resolvemos isso. O que falta nós vamos fazer”, assegura.