Gravatá vive clima de medo

Assaltos afetam comércio e mudam rotina na cidade
JC Online
Publicado em 29/03/2017 às 8:00
Assaltos afetam comércio e mudam rotina na cidade Foto: Divulgação


Famosa pelo clima ameno, pelas belezas naturais e festividades de Semana Santa e São João, Gravatá, no Agreste do Estado, incorporou um novo ingrediente ao seu variado cardápio: a violência. Uma onda de criminalidade vem assolando o município desde meados do ano passado, forçando o fechamento de estabelecimentos comerciais e mudando a rotina de boa parte da população.

Na última quinta-feira, o comerciante Fábio (nome fictício) teve a loja assaltada por quatro homens que fizeram seus funcionários reféns e recolheram, com a ajuda de um caminhão-baú, toda a carga do seu estoque, avaliada em R$ 80 mil. “Estou fechando a loja. Não há como continuar. Eu queria gerar empregos na cidade, mas a insegurança falou mais alto”, diz ele.
Outra lojista, também sob anonimato, afirma que até no famoso Polo Moveleiro – um dos principais pontos turísticos da cidade – há estabelecimentos fechando devido aos constantes arrombamentos. “O clima de insegurança é generalizado, a gente não sabe o que fazer”, comenta.

 

CLIMA

Nas ruas de Gravatá, o assunto é recorrente. “Já assaltaram um grupo inteiro de jovens em que minha filha estava. Levaram os celulares de todos”, conta uma advogada. A única pessoa que conversou com a reportagem do JC e concordou em se identificar foi justamente um comerciante paraibano que estava de passagem por Gravatá. Cleilton Miranda parou com a esposa para almoçar em um restaurante e, ao voltar, viu o vidro do carro quebrado. “Roubaram a bolsa da minha esposa, inclusive com um relógio avaliado em R$ 38 mil”, diz. “Era melhor ter passado direto e ido para a Paraíba”.

O crime aconteceu no início da tarde e o JC encontrou Cleilton na única delegacia do município: ele tentando prestar queixa, e a reportagem, tentando obter informações sobre a criminalidade em Gravatá. Até a tarde de ontem, nenhuma das partes tinha conseguido, pois só havia um agente no local. A delegada da cidade também responde pelo município vizinho de Pombos, e, segundo o servidor, era lá que ficaria durante o dia de ontem.

Com 82 mil habitantes, o município é atendido por uma Companhia Independente da Polícia Militar. Segundo o comandante da corporação, o tenente-coronel Sérgio Cabral, Gravatá é uma vitrine e a localização estratégica da cidade – cortada pela BR-232 – é um convite a muitos criminosos de outras regiões. “Nós já mapeamos as ações desses grupos e estamos em meio a um novo planejamento. Nas próximas semanas teremos índices bem melhores”, afirma.

A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Gravatá, Valéria Bezerra, afirma que a situação de segurança no município é “caótica” e que os comerciantes pretendem se reunir, na próxima semana, com o prefeito Joaquim Neto para tratar do assunto. “Os assaltos não têm hora para acontecer, seja na cidade ou na Zona Rural”.

No último dia 13, o prefeito de Gravatá esteve reunido com o secretário de Defesa Social, Ãngelo Gioia, e com o chefe de Polícia Civil, Joselito Kehrle do Amaral. Entre os compromissos assumidos pelo governo do Estado estão a reforma da delegacia, cessão de novos policiais civis e de uma nova viatura para a Polícia Militar. A assessoria de Comunicação do município informa que já está em curso um trabalho integrado, comandado pela prefeitura, e que envolve as Polícias Civil e Militar, além da Guarda Municipal. O objetivo é a elaboração de um plano de segurança para a cidade. As ações devem começar a ser implementadas já durante a Semana Santa.

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