Baleia Azul: Polícia alerta para riscos de 'jogo' que pode levar a automutilação

Já foram registradas pelo menos três vítimas no Brasil. Em Pernambuco, existe investigação em andamento
Da editoria de Cidades
Publicado em 17/04/2017 às 17:29
Já foram registradas pelo menos três vítimas no Brasil. Em Pernambuco, existe investigação em andamento Foto: Fotos Públicas


Um assunto tem levantado debates entre pais de adolescentes, especialistas em saúde mental e agentes de polícia: o envolvimento de jovens em práticas no mundo virtual que podem estimular a automutilação e levar a comportamentos suicidas. As discussões levaram a Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco a divulgar um alerta sobre a atividade, que popularmente ficou chamada de jogo da Baleia Azul. Segundo a PF, já foram registradas pelo menos três vítimas no Brasil (Mato Grosso, Minas Gerais e Paraíba) que teriam sido envolvidas com essa prática. Na Paraíba, a Polícia Militar investiga casos em uma escola, onde alunos já estariam em processo de mutilação. Em Pernambuco, segundo a PF, não foi constatada a existência de casos específicos, mas já existe um investigação em andamento.

“O trabalho é para ver se, em grupos do Facebook, isso está acontecendo. Na Paraíba, já houve uma classe inteira participando, em grupo fechado, desse jogo Baleia Azul. Mas, em Pernambuco, não há casos confirmados. É feita uma investigação de cibercrime normal que detecta, entre crimes como pedofilia ou outros de competência da Polícia Federal, esse tipo de ocorrência também”, esclarece o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro. Ele explica que o alerta parte da necessidade de ajudar a prevenir danos entre os adolescentes, autolesões e comportamentos suicidas.

Para o psicólogo Igor Lins Lemos, mestre e doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco, esse tipo de prática não deve ser caracterizada como jogo. “É incorreto a forma de denominar esse tipo de estratégia sádica que colocaram na internet. Jogo é tudo aquilo que tem um caráter lúdico, de entretenimento, de conquistas. E mesmo esse tipo de atividade, que se apresenta com um tipo de passo a passo do que deve ser feito em níveis, pode ser tudo, menos um jogo”, explica Igor, que é pesquisador da área de dependências tecnológicas.

Como estratégia de prevenção, a Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco tem realizado uma série de palestras gratuitas sobre crimes cibernéticos nas escolas. “Como o cibercrime é algo dinâmico, com novos jogos e perigos acontecendo, incluímos informações sobre o Baleia Azul no conteúdo das palestras. A próxima será ministrada, nesta terça-feira (18), para 200 alunos dos ensinos médio e fundamental”, diz Giovani, que tem feito de duas a três palestras por semana.

O assessor de comunicação da PF acrescenta que, devido a demandas de escolas, empresas, igrejas e associações, a PF tem realizado atualmente mais atividades educativas sobre cibercrimes do que drogas. A instituição que desejar fazer agendamento da atividade deve entrar em contato pelo telefone: 81 2137-4076, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.

CRIME

A PF informa ainda que a conduta dos mentores do Baleia Azul é criminosa. "Induzir (criar a ideia de suicídio em alguém), instigar (incentivar alguém que já estava pensando em suicídio) ou auxiliar (ajudar materialmente o suicida) o suicídio de outra pessoa é crime, de acordo com o artigo 122 do Código Penal, punido com pena de dois a seis anos de prisão, caso o suicídio seja consumado, ou de um a três anos de prisão, caso a tentativa de suicídio resulte em lesão corporal grave", diz a PF, em nota. 

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