Atualizada às 20h56
Os Moradores da Comunidade do Bode, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, protestaram neste sábado (17) por volta das 19h na Avenida Domingos Ferreira, contra morte do estudante de 19 anos, Esdras Henrique, atingido com um tiro na cabeça, durante ação da Radiopatrulha na comunidade na última quinta-feira (15). O trânsito ficou parado nos dois sentidos da avenida por cerca de uma hora, na altura do Clinical Center. Os manifestantes queimaram pneus e entulhos e bloquearam a via.
Na noite da última quinta-feira (15), por volta das 21h, uma ação da Polícia Militar foi realizada na Comunidade do Bode para prender suspeitos de terem cometido o assassinato de um sargento da corporação, na última quarta-feira (14), em Olinda.
Segundo relato de moradores, os PMs, “mais de 20”, teriam chegado à comunidade efetuando disparos. “Foi rajada de balas. Muitos se trancaram em casa, e outros saíram correndo. Esdras foi um deles. Os policiais foram atrás pelos becos até que ele entrou na maré. Mas, como ele não sabia nadar, ficou agarrado numa estaca. Pediu para não morrer. Mas deram um tiro na cabeça dele”, contou um dos vizinhos.
O corpo de Esdras só foi retirado da água depois que os policiais foram embora. “Saíram dizendo ‘tem um morto e um ferido lá dentro’. Ficamos com medo de mexer, mas podia ser que a maré levasse, aí nem o corpo a mãe ia ter para enterrar. Trouxemos o coitado para a rua e cobrimos com um lençol”, conta um dos rapazes que ajudaram a tirar o jovem da água.
Em nota enviada à imprensa, a assessoria de comunicação da Polícia Militar afirmou que “Policiais militares da Radiopatrulha estiveram na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, para prender suspeitos de terem cometido o assassinato de um sargento da corporação, na última quarta-feira (14), em Olinda”, disse o comunicado, em referência à ação que resultou na morte do sargento Ricardo Sales dos Santos e deixou outro policial em estado grave.
A nota afirma que “a PM foi recebida com vários disparos de arma de fogo, a qual respondeu injusta agressão. Eles conseguiram fugir, mas deixaram para trás um revólver calibre 38 com três munições deflagradas”. Os moradores do Bode, no entanto, negam que tenha havido troca de tiros.